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  José Cruz / Agência Senado

Relatório final sugere o indiciamento
de seis envolvidos na compra de
dossiê e quatro acusados de
superfatur ambulâncias.

Brasília (AE) – Depois de seis meses de funcionamento, a CPMI dos Sanguessugas terminou ontem com a aprovação por unanimidade do relatório final, que sugere ao Ministério Público o indiciamento por crime de formação de quadrilha de seis ?aloprados? (Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Expedito Veloso), envolvidos na compra de dossiê contra políticos tucanos, e de mais quatro pessoas acusadas e participar do esquema de superfaturamento de ambulâncias. O petista José Airton Cirillo, que foi eleito deputado federal pelo Ceará, e o empresário ligado aos tucanos Abel Pereira foram enquadrados em crime por tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, entre outros.

Sem grandes polêmicas, o relatório final do senador Amir Lando (PMDB-RO) foi aprovado em uma votação relâmpago, depois de um acordo entre governo e oposição. Tanto os parlamentares da base aliada quanto os de oposição temiam que a CPMI terminasse sem relatório e sob a acusação de que acabou em ?pizza? e negociaram durante toda a madrugada de ontem para chegar a um texto consensual. ?É um relatório conclusivo, consistente, imparcial e seguro. Ao contrário do que se pode propalar, nossa CPMI não terminou em pizza. Se as conseqüências não foram as que a sociedade esperava não é da nossa responsabilidade?, afirmou o presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

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Nas 981 páginas dos dois volumes do relatório final, Amir Lando não apontou a origem do dinheiro que seria utilizado para a compra de dossiê que envolveria políticos tucanos com a máfia das ambulâncias. Sem citar o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem do candidato do PT derrotado ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, o relatório disse que ?o resultado das investigações conduzidas até o momento não permitem concluir que os candidatos tenham tido conhecimento prévio ou dado anuência a tal plano?.

No relatório, Amir Lando observou ainda que ?todo esse quebra-cabeças leva a crer que o dinheiro destinava-se a remunerar os Vedoin por conceder entrevista ao veículo de comunicação, com um evidente benefício eleitoral para as campanhas do PT?. ?Na hipótese de que surjam provas que os valores destinados à aquisição do dossiê originaram-se do caixa de campanha ou de recursos partidários, configurar-se-ia infração eleitoral de abuso de poder econômico?, resumiu Lando.

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De todos os acusados de participar das negociações de compra do dossiê antitucano, o ex-segurança do presidente Lula Freud Godoy, que pediu demissão ao ter seu nome envolvido no escândalo, não teve seu pedido de indiciamento ao Ministério Público. O relatório também não cita o nome do presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que teria conhecimento das negociações de compra do dossiê contra políticos tucanos. ?Seu nome (Freud) foi trazido para dentro das investigações por meio das declarações inicialmente prestadas por Gedimar Passos. Deve-se registrar, no entanto, que posteriormente Gedimar negou tal informação?, argumentou Lando.

Este foi o segundo relatório aprovado pela CPMI dos Sanguessugas. No dia 10 de agosto, a comissão aprovou um relatório parcial em que pedia a cassação de 69 deputados e três senadores apontados em envolvimento com a máfia das ambulâncias. Os três senadores – Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES) – já foram absolvidos pelo Conselho de Ética do Senado. Dos 69 deputados, dois renunciaram ao mandato e apenas cinco conseguiram se reeleger. Nenhum dos deputados deverá ser cassado.