Os integrantes da CPMI dos Correios fecharam ontem um acordo para não prorrogar os trabalhos da comissão, que tem previsão para serem encerrados até o mês que vêm. A prorrogação fora sugerida pela oposição depois que a revista Veja divulgou reportagem sobre o envolvimento de grande parte dos deputados do PMDB no escândalo do mensalão (propinas que seriam pagas a deputados de outros partidos para votar a favor de projetos de interesse do governo federal).
A cúpula da CPMI marcou para hoje, às 10h, uma reunião que deve selar o acordo e confirmar que a comissão encerra seus trabalhos no dia 15 de abril. O presidente da comissão, Delcídio Amaral (PT-MS), apelou para que os integrantes da comissão não prorrogassem os trabalhos, alegando que a proximidade das eleições poderia comprometer as investigações feitas pela comissão. Aliados do Palácio do Planalto são contra a prorrogação, alegando que a comissão pode se transformar em palanque eleitoral.
No entanto, ainda assim, a prorrogação é assunto polêmico. O deputado Maurício Rands (PT-PE), por exemplo, disse que parte da bancada estava considerando a possibilidade de apoiar a prorrogação, porque o estrago que as denúncias causaram para o partido já tinha sido feito. No fim, venceu a tese na cúpula da comissão que o melhor era terminar no prazo e acabar com o assunto. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator de fundos de pensão, disse que acatava a decisão, mas não concordava com ela. Outros oposicionistas, porém, concordaram com a conclusão dos trabalhos no dia 15 de abril, sem prorrogar mais nada. "A comissão precisa ter início, meio e fim", afirmou o pefelista Onyx Lorenzoni (RS), indicando que concordava com o acordo.
No entanto, também ajudou a selar o acordo o medo da CPMI dos Correios ter o mesmo destino da finada CPI do Banestado, que acabou sem votar o relatório final e de forma melancólica desapareceu depois de provocar dezenas de terremotos políticos. Este receito foi manifestado pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). E reforçou mais ainda o acordo o fato de o relatório final, do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), "já está todo alinhavado", sem condições para mudanças.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), contestou a possibilidade de acordo, mesmo reconhecendo que dificilmente a oposição conseguirá obter as 171 assinaturas necessárias para prorrogar a CPMI na Câmara dos Deputados. "Não há acordo de jeito nenhum. O que pode é não conseguirmos as assinaturas na Câmara. Não estou seguro de que vamos consegui-las", afirmou.
