CPMI decide afastar dois ?sanguessugas?

Foto: Valter Campanatto/Agência Brasil
Integrantes da CPMI recebem relatórios das investigações.

A CPMI dos Sanguessugas aprovou ontem o afastamento dos deputados João Caldas (PL-AL) e Nilton Capixaba (PTB-RO) dos cargos que ocupam na Mesa Diretora da Câmara. Caldas, que é quarto-secretário da Mesa, e Capixaba, segundo-secretário, são apontados de envolvimento com a máfia das ambulâncias.

A CPMI aprovou o requerimento com a proposta de afastamento dos dois parlamentares depois dos depoimentos, em sessão secreta, do delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura e do procurador do Ministério Público Federal em Mato Grosso Mário Lúcio Avelar sobre o esquema de desvio de recursos do Orçamento Geral da União para compra superfaturada de ambulâncias por prefeituras. ?O sigilo ainda está preservado. Mas o que surgiu são indícios contundentes na participação deles e a solução foi a recomendação para afastamento dos dois parlamentares?, afirmou o presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Os inquéritos que envolvem parlamentares na máfia das ambulâncias estão correndo em segredo de Justiça. Ou seja: os nomes não podem ser revelados. Na prática, a decisão da CPMI só tem efeito político. Tanto Capixaba quanto Caldas só se afastarão de seus cargos se desejarem. Assessores da Mesa Diretora da Câmara explicaram que o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-AL), não tem poder para afastar os dois deputados, uma vez que ambos foram eleitos como secretários.

Durante seu depoimento, o delegado Boaventura mostrou aos integrantes da CPMI o livro-caixa eletrônico da Planam, principal empresa do esquema, pertencente a Darci Vedoin, preso durante a operação. No livro-caixa, referente a despesas realizadas em 2001 e 2002, supostas propinas pagas a parlamentares estão registradas. Capixaba surge como beneficiário de mais de R$ 400 mil em repasses, e João Caldas, de R$ 70 mil.

Outro integrante da mesa apontado como envolvido no caso é o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), mas a CPMI não discutiu sua situação. Assessores do tucano aparecem nas escutas telefônicas da PF marcando encontros com empresário Vedoin.

Mais ministérios envolvidos

Brasília (ABr) – O vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que a máfia descoberta pela Polícia Federal não atuava apenas no Ministério da Saúde, fraudando a compra de ambulâncias com recursos de emendas ao Orçamento Geral da União.

De acordo com o parlamentar, os criminosos também agiam no Ministério da Educação, influenciando a compra de transporte escolar para prefeituras financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); e no Ministério de Ciência e Tecnologia, no que diz respeito às verbas destinadas à inclusão digital. ?É uma tragédia isso que tá aí. É lamentável tudo isso que aconteceu. Permita-me este desabafo, depois dessas horas que acompanhei de depoimento?, disse Jungmann.

Raul Jungmann disse que, pelos relatos feitos ontem, não é possível ter uma dimensão clara de quem operava a quadrilha e como ela agia. No entanto, seria possível perceber que pelo menos 300 prefeituras e aproximadamente 60 parlamentares estariam envolvidos no caso.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo