Brasília (AE) – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Mensalão aprovou ontem a quebra ampla do sigilo bancário de 11 fundos de pensão. Foi uma das decisões mais drásticas já tomadas pelas CPMIs em vigor, já que a dos Correios, que na quarta-feira havia quebrado o sigilo de três fundos, procurou limitar sua ação às aplicações feitas por eles nos últimos cinco anos nos bancos Rural e BMG, instituições de onde saía o dinheiro que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza distribuía ao PT e aos partidos da base aliada do governo.
Tiveram o sigilo bancário quebrado pela CPMI do Mensalão os fundos Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobrás), Geap (servidores públicos), Eletros (Eletrobrás), Centrus (Banco Central), Portus (Portobrás), Postalis (Correios), Serpros (Serviço de Processamento de Dados), Real Grandeza (Furnas) e Sistel (Telebrás). Todos eles estão sujeitos a ter suas contas vasculhadas nos últimos cinco anos em qualquer operação financeira de que tenham participado, independentemente se feitas no BMG ou no Banco Rural.
A CPMI dos Correios, que já tinha quebrado o sigilo do Petros, do Funcef e do Geap, tomou a mesma atitude em relação ao Previ, ao Centrus, ao Real Grandeza, ao Eletros, ao Serpros, ao Postalis e ao Portus, com o cuidado de limitar a ação aos bancos Rural e BMG. A CPMI dos Correios não quis quebrar o sigilo do Sistel por considerar que ele não é mais público e sim privado, dos funcionários das telefônicas que foram vendidas. A CPMI do Mensalão nem este cuidado teve. Atacou todos, indiscriminadamente. Para os integrantes das duas CPMIs, os fundos são suspeitos de participar do esquema de corrupção montado pelo PT. Acham que as instituições, que têm investimentos de mais de R$ 260 bilhões, poderiam ter desviado dividendos de suas aplicações bilionárias para as contas de Marcos Valério.