Para evitar novas disputas políticas, os integrantes da CPMI dos Correios desistiram da estratégia de divulgar relatórios parciais com denúncias de irregularidades já apuradas. Os sub-relatores continuarão os trabalhos de apuração, produzirão resultados e repassarão as informações ao relator da CPMI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), para que sejam incluídas no relatório final. Os membros da comissão divergiram sobre o conteúdo do relatório parcial confeccionado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Por isso, a votação do documento foi adiada por mais uma semana. Fruet recuou e decidiu incluir um empréstimo contraído pelo empresário Marcos Valério para saldar dívidas da campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998, que na época disputava a reeleição para o governo de Minas Gerais.
Porém, Fruet resolveu incluir também, num novo capítulo com a investigação em curso, os depoimentos do publicitário Duda Mendonça no qual ele fala de todas as campanhas em que o PT teria usado caixa dois e os repasses de dinheiro feitos pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares aos diretórios do partido. O sub-relator vai tentar um acordo em torno do texto até semana que vem e propõe o fim dos relatórios parciais.
A princípio, Fruet resistiu à idéia de inserir Azeredo, alegando que ainda não tinha recebido documentação relativa à movimentação financeira do empresário mineiro referente àquele período. "Qual o elemento que temos para incluir esse empréstimo no relatório parcial? Sou favorável à investigação sobre a ligação de Marcos Valério com o senador Azeredo, mas não vou fazer isso apenas para dar uma satisfação ao PT. Pode soar como acordo", justificou o sub-relator na véspera.
A não inclusão de Azeredo no relatório provocou indignação nos parlamentares petistas. O relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), também defendeu que fosse inserido o nome do senador tucano. "Se houve essa omissão, vamos reparar o erro. Não existe relatório de sub-relator", afirma Serraglio. Irritado com a briga, o presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reclamava ontem da falta de disposição dos integrantes da comissão para negociar. "Precisamos apenas sentar e conversar. Nada é irreversível, basta dialogar. Isso aqui está parecendo um jardim da infância", reclamou Delcídio, admitindo que se não houver consenso a votação do relatório parcial poderá ser adiada para a próxima semana.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), chegou a entrar em campo para viabilizar a votação. Mas assim como os demais petistas, ele defende a inclusão do empréstimo de Valério para os tucanos no texto de Fruet.
Agência
O diretor em Brasília da empresa de publicidade Ogilvy Brasil Comunicações, Luiz Alberto Costa Marques, admitiu, em resposta ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que não é usual uma agência de publicidade repassar pagamento de um contrato para outra agência. O executivo, que depõe na sub-relatoria de Contratos da CPMI dos Correios, referia-se a informações de que a DNA -do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza – fez repasses para a Ogilvy e para a Lowe.