Foto; Arquivo/O Estado |
Paulo Okamotto: CPI dos Bingos muda rota para incriminá-lo. |
Impedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de analisar os dados da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, a CPI dos Bingos encontrou uma forma de pedir seu indiciamento: apontará as denúncias de que o amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou, a partir de 1995, um esquema de desvio de dinheiro de prefeituras petistas para abastecer o caixa 2 do partido. Se não for alterado o esboço do relatório final, o documento dirá que a ?origem? dos desvios foi a prefeitura de São José dos Campos, que mais tarde serviu como ?modelo?. O esquema estendeu-se, segundo o relatório, para outras administrações do PT, como a de Santo André.
Inicialmente, a tentativa da CPI era provar que Okamotto mentiu ao dizer que pagou com o próprio dinheiro dívidas contraídas por Lula e pela filha do presidente, Lurian. O petista diz ter pago, em 2003, R$ 29,4 mil devidos por Lula ao PT e, em 2002, R$ 26 mil de uma antiga dívida de campanha de Lurian, que disputou uma vaga de vereadora em 1996. Os senadores buscavam provas de que a renda de Okamotto é incompatível com o pagamentos desses valores. No entanto, esbarraram na decisão de Supremo, que consideram praticamente impossível de ser alterada até o fim da investigação.
A versão do relatório feita até agora dirá que não há dúvidas de que o PT usou caixa 2. Uma das formas foi a arrecadação ilegal de contribuição de prestadoras de serviço das prefeituras. O relatório deverá apontar também outro caminho. Dirá que há ?forte indício? de que a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, em 2002, R$ 1 milhão de dois empresários de bingos angolanos, José Paulo Teixeira, o Vadinho, e Arthur Valente de Oliveira Caio.
No caso dos desvios das prefeituras, o relatório contará em detalhes a acusação do ex-petista Paulo de Tarso Venceslau, que contou ter denunciado o esquema, em 1995, a Lula, então presidente do PT. Segundo Venceslau, Lula desqualificou as denúncias, que envolviam também o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente da República.
Prorrogação
Ontem, o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB) ameaçou adiar o fim de CPI por até quatro meses, se os governistas insistirem em ?desqualificar o trabalho do relator?, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que que apresentará o relatório na quinta-feira, para votação na semana seguinte.
O problema é que os governistas da CPI não aceitam a inclusão de temas que consideram fora do foco da comissão, ou seja, os bingos. Entre os pontos que os petistas não aceitam, está o indiciamento de Paulo Okamotto, do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (já indiciado pela Polícia Federal pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa) e de outras pessoas próximas ao presidente Lula.