Brasília – A CPI mista dos Correios aprovou ontem o pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração e Material da estatal Maurício Marinho, flagrado recebendo R$ 3 mil de propina na gravação encomendada pelo empresário Arthur Wascheck Neto. Os dados sigilosos da mulher do publicitário Marcos Valério, apontado como um dos "operadores" do suposto esquema de mesadas a PP e PL, Renilda Fernandes de Souza, e das empresas de publicidade por ele controladas, também foram requisitados pelos integrantes da CPI Mista em votação unânime. Os integrantes da comissão explicam que o publicitário poderia ter feito operações ilegais em nome da mulher, o que justificaria o pedido de quebra de sigilos.
Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério, que confirmou ter conhecimento de saques vultosos de dinheiro e distribuição de recursos em Brasília, também terá a conta bancária, as declarações de imposto de renda e a conta telefônica revistadas pelos deputados e senadores que fazem a investigação do esquema de corrupção na empresa.
O quinto requerimento aprovado pela CPI pediu a quebra dos sigilos de Antônio Velasco, sócio de Wascheck na empresa Comam (Comercial Alvorada de Manufaturados), que fornecia material de saúde e informática para os Correios. Concluída a votação dos requerimentos, todos retroativos a cinco anos, a CPI começou a ouvir os depoentes convocados para a sessão de hoje. O primeiro deles é o ex-diretor de Administração da estatal, Antônio Osório. Em seguida, os integrantes da comissão ouvirão Eduardo Medeiros, ex-diretor de Tecnologia, uma das áreas dos Correios que concentrava os contratos de maior valor.
Valério
Entre julho de 2003 e maio de 2005, o publicitário Marcos Valério de Souza movimentou pelo menos R$ 40 milhões, o dobro dos R$ 20,9 milhões sacados por ele em dinheiro no Banco Rural. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo Ministério Público Federal, foi enviado à CPI dos Correios, ao Congresso e à Polícia Federal com o mapeamento das movimentações financeiras de Valério e suas empresas.
O resultado indica cifras não imaginadas até agora. Uma alta fonte do governo confirmou que o montante das movimentações supera em muito os R$ 40 milhões. O dinheiro foi movimentado em contas de bancos diferentes, além do Rural e do Banco do Brasil, nos quais Valério fez os saques em dinheiro.