O gerente de padrões de avaliação de aeronaves da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), comandante Gilberto Schittini, afirmou hoje, na CPI do apagão aéreo na Câmara, que o Airbus A320 da TAM que explodiu no dia 17 de julho em São Paulo não deveria ter pousado na pista molhada do Aeroporto de Congonhas com um dos dois reversos (freios localizados nas turbinas) travado. O avião deveria ter pousado "em pista seca, ou em pista molhada comprida, como a de Guarulhos, e não em pista curta, como a de Congonhas", disse o gerente. "Aquele cenário não deveria ter ocorrido", declarou Schittini.

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Ele não quis avaliar, no entanto, se o pouso foi ou não fator determinante para o acidente. Disse que prefere aguardar o resultado da apuração que está sendo feita pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Schittini é o autor da Instrução Suplementar 121-189, da Anac, que causou polêmica quando foi enviada à Justiça de São Paulo e fundamentou a decisão da desembargadora Cecília Marcondes de liberar a pista principal de Congonhas para pouso de grandes aviões. Segundo Schittini, o documento era claro quando determinava que o pouso em pista molhada exigia os dois reversos operantes. Na interpretação da ex-diretora da Anac Denise Abreu, o documento, ao contrário, permitia o pouso com um único reverso.

Denise Abreu sustentou, enquanto estava na diretoria, que a IS 121-189 era apenas um "estudo interno" que foi divulgado no ‘site’ da Anac na internet, no dia 31 de janeiro, por engano. Schittini, no entanto, diz que a veiculação no site foi uma determinação da ex-diretora e que, ao ser incluído na página da Anac, o documento ganhou valor de norma a ser cumprida pelas empresas.

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"No dia 31 de janeiro, mesmo sem estar finalizado, o documento foi veiculado no ‘site’ (da Anac), na primeira página, de forma fácil de ser encontrado. Já estava no ‘site’, deveria ser seguido", afirmou o gerente à CPI.