Marcos Valério: o cerco aperta ainda mais. |
Brasília – A CPI Mista dos Correios aprovou ontem, por 19 votos a 1, o requerimento apresentado por cerca de 20 integrantes da comissão solicitando ao Ministério Público Federal que peça ao Poder Judiciário a prisão preventiva do empresário Marcos Valério Fernandes, suspeito de ser o operador do mensalão. O requerimento pede também ao MP a indisponibilidade dos bens de Valério.
A votação na CPI foi precedida de um longo debate jurídico entre os parlamentares para que fosse entendido que a Comissão não possui poder para determinar a prisão de Valério. "O Ministério Público avaliará as argumentações apresentadas pela CPI de entender condizente e pedirá ao juiz de direito a prisão preventiva", explicou o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP) alegaram que a prisão de Valério se faz necessária pelo risco de haver mais destruição de provas materiais, assim como aconteceu com os documentos queimados da DNA Propaganda.
A deputada Denise Frossard (PPS-RJ) fez uma ressalva à CPI de que a investigação conduzida pela Comissão é de caráter político e que, futuramente, caberá ao Poder Judiciário julgar criminalmente os culpados. "Quero deixar registrado que, quando os nossos (colegas políticos) desfilarem aqui na frente, vou solicitar a prisão preventiva deles aqui também", disse.
O único voto contra o encaminhamento ao MP do pedido de prisão de Valério foi do deputado Nelson Meurer (PP-PR). "Marcos Valério já prestou depoimento na Política Federal, aqui na CPI, na Comissão de Sindicância e não tem nenhum risco de ele deixar o País", argumentou o deputado.
Depoimento
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza prestou depoimento ontem, pela manhã, na Delegacia Especializada de Repressão à Sonegação Fiscal e Crimes contra a Fazenda de Belo Horizonte, que investiga a suspeita de compra de notas fiscais frias pela DNA Propaganda. A agência, que tem Marcos Valério como um dos sócios, é alvo de um inquérito ao qual estão anexadas seis notas emitidas em seu nome no valor total de R$ 16,2 mil.
Os sócios do empresário na DNA, Francisco Castilho Santos e Margareth de Queiroz Freitas, além de Ramon Hollerbach Cardoso (sócio na DNA e SMPB, por meio da Graffiti Participações), já prestaram depoimento. Eles teriam dito que era Marcos Valério quem cuidava da contabilidade das agências.
O empresário – acusado de ser o operador do suposto "mensalão" no Congresso – chegou bem cedo à delegacia, na região oeste de Belo Horizonte. Poucos notaram sua presença. O delegado titular Carlos Alberto Malheiros Fialho ouviu-o durante cerca de 50 minutos.
Malheiros – que considera a investigação um "fato corriqueiro" – evitou dar detalhes do depoimento, mas disse que o empresário confirmou que na época dos fatos (outubro de 2003) ocupava o cargo de vice-presidente administrativo e financeiro da DNA. "Ele disse quem é quem na empresa", observou.