O acordo fechado nesta segunda-feira (11) entre o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) para viabilizar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar os gastos com cartão corporativo desde a sua criação no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e durante todo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou desconfiança de setores na Câmara. Desde a semana passada, Sampaio recolhe assinaturas para uma CPI mista e Jucá se antecipou com uma CPI apenas no Senado para que o governo tivesse maior controle das investigações. Na manhã desta segunda-feira, no entanto, ficou acertado que a CPI será mista, com a participação de deputados e de senadores.

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O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), levantou suspeitas. "Essa unanimidade capitaneada pelo governo e pela oposição conservadora, PSDB e DEM, pode esconder a colocação de diques de contenção", afirmou Alencar. "Não pode ser uma CPI que signifique vetos a determinadas investigações. Não pode ser uma CPI para iludir a população", continuou. "Pode estar em curso (com esse acordo) uma CPI com uma investigação previsível e com resultado predeterminado", disse Alencar.

A suspeita do Psol é que haja um acerto para impedir investigações que incomodem tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), disse que outras CPIs também começaram com acordo para a sua criação, mas, no decorrer das investigações, não pouparam nenhum dos lados. Mas afirmou: "É sempre um risco (de abafar as investigações)".

Limites

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), afirmou que o acordo não vai impedir as investigações nem que as informações apareçam, mas apontou limites para a apuração. "Na questão dos presidentes da República e de suas esposas, não se pretende fazer a execração pública. Pode mostrar os gastos, mas não precisa de detalhamentos maiores", disse Pannunzio. O PSDB e o DEM preferiram comemorar o acordo como uma forma de impedir a criação de uma CPI governista.

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"Acabou a pretensão do governo de ter uma CPI chapa branca", disse o líder tucano. "As oposições tiveram uma vitória importante. O plano era ter uma CPI mista e ficamos surpresos com o fato de Jucá ter aceitado", disse o líder do DEM na Câmara Onyx Lorenzoni (RS). O líder de oposição afirmou que não há acordo para investigações. "Vamos colocar os melhores ‘pitbulls’ na comissão. Com o DEM é guerra", completou Lorenzoni.