A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), criada para apurar denúncias de irregularidades no uso de recursos públicos pelas entidades, definiu nesta terça-feira (23) que vai centrar foco na investigação de entidades que receberam da União recursos superiores a R$ 200 mil durante um ano. A investigação vai abranger o período entre os anos de 1999 a 2006. Durante esses anos, segundo a CPI, o governo federal liberou R$ 32 bilhões para o setor.
"O leque é muito amplo (de investigação). Não há denúncia específica sobre nenhuma ONG. São 7 mil organizações que receberam recursos federais e isso não está certo, não é bom. É uma dispersão total de recursos", avaliou o relator da CPI, senador Inácio Arruda (PcdoB-CE).
Ainda segundo balanço da CPI, 250 entidades teriam recebidos somas superiores a R$ 200 mil em 12 meses. Na reunião desta terça-feira, em que ficou definido o cronograma de trabalho da comissão, ficou acertado que serão solicitadas informações auxiliares de órgãos de fiscalização e dos ministérios. Técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) também serão convocados para dar apoio na fase de investigação. A CPI tem de concluir seu trabalho em prazo máximo de 180 dias.
Cálculos feitos pela assessoria da CPI mostraram que atualmente existem no País cerca de 276 mil ONGs, das quais 7,8 mil recebem recursos federais, sendo que cerca de 50 delas recebem acima de R$ 2 milhões. O presidente da CPI, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), disse que a comissão também poderá investigar repasses feitos por fundos de pensão às ONGs. Por solicitação do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), autor do requerimento de criação da CPI, o órgão também vai apurar repasses de recursos a ONGs pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
