Apesar do acordo de lideranças para se reduzir o tom político da CPI dos Grampos, o que permitiu a prorrogação dos trabalhos até 4 de dezembro, a Operação Satiagraha da Polícia Federal não sairá do foco da comissão. Na próxima quarta-feira (27), a CPI tomará o depoimento do suposto espião israelense Avner Shemesh, que teria prestado serviços ao sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas.
Dantas responde a ação penal, em andamento na Justiça Federal em São Paulo, originária da Operação Chacal da Polícia Federal, acusado de mandar espionar desafetos, como o empresário Luís Roberto Demarco. Escutas autorizadas pela Justiça, feitas pela PF, mostram que Dantas teria contratado Shemesh para investigar agentes da corporação, o juiz Fausto Martin de Sanctis – que mandou prender Dantas na Satiagraha – e empresários concorrentes.
Para a Polícia Federal, Shemesh – que abriu uma empresa de investigação, a Online Security – teria sido contratado pelo Grupo Opportunity após supostas desavenças com a multinacional Kroll. A Kroll teria sido contratada para espionar a Telecom Itália, que disputava com o Opportunity o controle da Brasil Telecom. Shemesh seria ex-funcionário da Kroll. A PF possui gravação em vídeo mostrando encontro de Carlos Rodenburg, braço direito e ex-cunhado de Dantas, com Shemesh em abril de 2005.
No depoimento que prestou à CPI dos Grampos, Daniel Dantas negou conhecer o israelense: “Não conheço, nunca tive nenhum contato com ele nem nunca com ninguém que tenha dito que teve contato com ele”, afirmou o banqueiro.
O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), reafirmou nesta semana que a comissão concentrará esforços nas investigações de aspectos técnicos dos grampos telefônicos.