Brasília – Depois de um ano de investigações em seis estados brasileiros (Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Santa Catarina e Espírito Santo), foi concluída ontem a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Desmanches, que foi instalada para investigar irregularidades cometidas por empresas de seguros, revendedores de automóveis, lojas de "salvados", recuperadoras e oficinas de desmanches, na tentativa de conter a "indústria" de roubo de veículos no País.
A leitura do relatório final foi feita ontem, no Senado Federal, pelo deputado Hidekazu Takayama (PMDB-PR), relator da comissão, que fez questão de acompanhar de perto a maioria das diligências, colhendo subsídios para o documento final. Agora, as cópias dos documentos serão enviadas à Polícia Federal e Ministério Público para que sejam tomadas as providências legais contra aqueles que comandam e atuam na organização criminosa voltada para o roubo e desmanche de veículos.
Desde sua instalação, em dezembro de 2003, por iniciativa do próprio deputado Takayama e do senador Romeu Tuma (PFL-SP), a CPMI obteve resultado positivo. No período de sua audiência pública no Rio de Janeiro, o índice de roubo de carros naquele estado teve uma queda de 20%. Mas o ponto alto dos trabalhos desta comissão foi o seminário nacional com representantes dos Detrans de vários estados brasileiros, com o objetivo de aperfeiçoar a legislação de trânsito e padronizar os procedimentos desses departamentos para uma fiscalização mais eficiente.
"Saímos deste evento com uma minuta, através da qual vamos procurar mudar a legislação vigente, unificando os procedimentos dos Detrans. Acredito que isso vai inibir a ação do crime organizado, reduzindo e muito o índice de roubo de veículos em todo país", disse Takayama, lembrando que só na Grande São Paulo são roubados mais de 100 mil carros por ano. "E, na maioria dos casos, o proprietário morre ou fica ferido ao evitar a ação dos marginais", acrescentou.
Segundo ele, alguns procedimentos são eficazes e podem perfeitamente ser adotados por todos os Detrans. "O Detran do Rio de Janeiro, por exemplo, promove anualmente a vistoria dos veículos, verificando a documentação e as condições em que estes estão circulando. No Paraná, o veículo acidentado e considerado "perda total", não pode ser vendido ou ter o seu chassi ou sua documentação reaproveitada. Ele só pode ser desmanchado e suas peças vendidas. Mas nem todos os Detrans agem assim e isso acaba facilitando a ação do crime organizado", disse.