O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou ontem que no relatório final vai incluir o nome do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, como envolvido em suspeita de irregularidades, porque inúmeras testemunhas falaram de sua participação, até mesmo no envolvimento com bingos. ?Ele vai aparecer no relatório final?, disse Garibaldi Alves.
Para o relator, a situação do ministro da Fazenda se complicou depois da entrevista do caseiro Francenildo Santos Costa, segunda-feira. ?Além da fala do caseiro, há outros depoimentos que dizem que o ministro Palocci freqüentava a mansão do Lago Sul?, disse Garibaldi Alves. O senador, no entanto, acha que não é preciso tomar novo depoimento do ministro da Fazenda. ?Vamos esperar para ver se não surgem fatos novos.?
O relator disse que ainda não há provas materiais contra o ministro. ?Estamos apurando se o ministro realmente mentiu, mas não temos provas materiais e precisamos apurar mais para chegar à verdade?, disse Garibaldi. Palocci mostrou-se preocupado com sua situação. Ele conversou ontem por telefone com a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), e com o senador Tião Viana (PT-AC), seu grande defensor na CPI dos Bingos. ?O ministro disse que está indignado, porém tranqüilo?, afirmou Tião Viana.
O senador acha que está havendo uma armação contra Palocci por parte dos partidos oposicionistas, porque o caseiro disse que ele chegava à mansão dirigindo um Peugeot cinza. ?Isso é impossível, porque o ministro não dirige carro há 15 anos, e nunca dirigiu em Brasília?, afirmou o senador petista. ?Por causa da disputa eleitoral, estão querendo atingir não só o ministro Palocci, mas também o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, os dois muito próximos ao presidente da República?, afirmou Tião Viana?. Pelo menos 13 mil contratos feitos pela Prefeitura de Ribeirão Preto foram investigados e nada se apurou contra o ministro?, insistiu o senador do PT.
Convocação
A CPI dos Bingos vota hoje requerimento de convocação do caseiro Francenildo Santos Costa, que desmentiu o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Nildo, como é conhecido o caseiro, disse que Palocci era freqüentador assíduo de uma mansão no Lago Sul, em Brasília, utilizada para a partilha de dinheiro entre ex-assessores de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, num período de oito meses encerrado no início de 2004. O requerimento de convocação de Nildo foi apresentado pelos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Alvaro Dias (PSDB-PR). ?Temos de ouvir o que o caseiro tem a dizer sobre os acontecimentos nessa mansão?, disse Tuma. ?O caseiro forneceu na entrevista elementos contundentes sobre a operacionalização do esquema da República de Ribeirão Preto em Brasília?, disse Alvaro Dias. Hoje, o caseiro vai ser ouvido pelo delegado Luiz Gustavo Góis, cedido pela Polícia Federal à CPI dos Bingos.
Senadores querem explicações do ministro
Brasília (AE) – Senadores do PSDB, PFL, PMDB e até o petista Eduardo Suplicy (SP) querem que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, compareça ao Congresso e preste esclarecimentos sobre as novas denúncias que pesam contra ele. ?Comigo o ministro sempre procedeu de maneira ética, mas considero importante que ele esclareça tudo isso?, cobrou Suplicy. Cardeais da oposição, que sempre deram sustentação política ao ministro e o pouparam a despeito dos ataques do próprio PT, já ameaçam rever a posição. ?Nós nunca sustentamos o Palocci; o PT é que queria destruí-lo?, afirmou o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), para completar: ?Agora, não temos porque carregar o ministro, se existirem os pecados que estão sendo apontados?.
O presidente da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (RN), lembrou que, até agora, a oposição sempre ?protegeu? Palocci mais do que os próprios governistas. ?Daqui em diante não será mais tanto assim. Mas acho que a cota de paciência ainda não se esgotou?, avaliou Garibaldi. O pefelista César Borges (PFL-BA), no entanto, faz julgamento mais severo. ?É a credibilidade da principal autoridade monetária do País que está em jogo?, alertou. ?Ou o ministro comparece e esclarece, ou está de forma muito profunda ferido em sua credibilidade?, avaliou, ao salientar que não é desejo de ninguém desestabilizar o ministro. ?Simplesmente são os fatos que estão vindo à tona.?