Brasília – A reunião entre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT/SP), e os dirigentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga no Congresso Nacional irregularidades cometidas no extinto Banestado foi adiada para novembro, após o segundo turno das eleições.
O encontro dos presidentes das duas Casas com o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), e com o relator da comissão parlamentar de inquérito, deputado José Mentor (PT-SP), tem como objetivo definir um roteiro final para os trabalhos da comissão e estava prevista para esta semana. Os parlamentares entenderam, porém, que o período eleitoral atrapalharia os trabalhos e decidiram adiar o seu reinício.
Os trabalhos foram suspensos depois de um impasse envolvendo o vazamento de informações. Instalada em 18 de junho de 2003, a CPI do Banestado investiga a evasão de divisas por meio das chamadas contas CC5. Um ralo por onde podem ter saído do país cerca de US$ 30 bilhões entre 1996 e 2001. Nas investigações, a comissão conseguiu quebrar o sigilo de 400 mil operações feitas por meio das CC5.
A comissão ouviu mais de 150 pessoas, entre eles o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e outros ex-diretores da instituição, além de delegados da Polícia Federal e representantes do Ministério Público. A CPI também aprovou 605 requerimentos, solicitou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de 1.200 pessoas e fez diligências em seis estados e nos Estados Unidos.
O ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, é acusado por sua ex-mulher Nicéa Camargo – ouvida no ano passado pela CPI – de ter feito transferências ilegais de dinheiro ao exterior e de manter contas secretas em paraísos fiscais. Os recursos teriam sido desviados de obras públicas, contratadas quando Pitta ocupou a prefeitura de São Paulo, entre 1997 a 2001. Entre as obras fraudadas estaria a Avenida Águas Espraiadas, que teria sido alvo de um superfaturamento da ordem de R$ 500 milhões.
Como Nicéa Camargo fez a denúncia pública e também a levou à CPI do Banestado, os integrantes da comissão decidiram investigar se o ex-prefeito usou esquema irregular para remeter recursos ao exterior.