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José Mentor foi criticado pela
pequena lista de indiciados.

Brasília (AG) – O relatório final da CPI do Banestado, apresentado ontem, pede o indiciamento do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e de mais 89 pessoas.

O relatório, com 770 páginas e mais outras 770 de anexos, deve ser votado na próxima terça-feira (dia 21) e será remetido ao Ministério Público Federal. O relator sugere que sete casos continuem sendo investigados e que 15 sejam encaminhados aos órgãos competentes.

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Da lista, constam dois paranaenses de peso: o ex-governador Jayme Canet Junior e o presidente do Banco Araucária, Alberto Dalcanale Neto. Além de Dalcanale Neto e Canet Júnior, a lista de indiciados inclui outros executivos ou empresários com base no Paraná, como Luiz Alberto Dalcanale, Roger Dalcanale, Ruth Wathely Bandeira, Afonso Celso Braga Filho, Rogério, Samuel e Michael Klein, Jorge Panteliades e Jayme Canet Neto, filho do ex-governador.

A CPI investigou por 22 meses a remessa ilegal de cerca de US$ 30 bilhões (R$ 90 bilhões) para o exterior, por meio das chamadas contas CC-5. Parte da evasão, segundo a CPI, foi feita através do Banco Araucária, no Paraná. A evasão teria ocorrido entre 1996 e 2002. Na gestão de Franco no BC, teriam sido feitas operações com as reservas internacionais do país que levantaram suspeita de favorecimento do banco espanhol Bilbao Vizcaya. Já Pitta teria feito transferências ilegais de verbas que teriam sido desviadas de obras públicas em São Paulo.

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Resposta

Em nota à imprensa, Gustavo Franco disse que o pedido para seu indiciamento é um "equívoco de confundir divergências sobre políticas públicas com irregularidades". Ele argumentou que as investigações que deram origem à CPI foram iniciadas pelo BC, quando ele ainda era diretor da Área Externa da instituição. Ele lembrou que as decisões que tomou neste cargo foram referendadas pelo Conselho Monetério Nacional, pelo então ministro da Fazenda, Pedro Malan, e pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Redigido pelo deputado José Mentor (PT-SP) e apresentado aos integrantes da comissão, o relatório foi bombardeado por críticas dos parlamentares. O número de indiciamentos foi considerado baixo. A CPI analisou 1,6 milhão de operações financeiras e investigou entre 500 mil e 600 mil pessoas físicas e jurídicas.

"Não meço o resultado da CPI pelo número de indiciamentos", defendeu-se José Mentor.

O presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), decidiu dar cinco dias úteis para análise do relatório. De acordo com esse cronograma, na segunda-feira o relator estudará as sugestões para que o texto seja votado na comissão ainda na semana que vem, mas não se descarta a possibilidade de a votação ficar para o ano que vem. O relatório deveria ter sido apresentado na semana passada, mas, devido ao volume, somente foi entregue para impressão na última quinta-feira.

Para líderes, faltaram nomes

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) foi um dos críticos mais contundentes do trabalho final do relator. Ele afirmou que a CPI é a maior frustração de sua vida parlamentar e que, dos políticos que conhece, consta apenas o nome do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

"Vivo aqui a maior frustração da minha vida parlamentar. Foi um ano de trabalho em que esta comissão praticamente nada fez. Dos políticos que eu conheço, só vejo o nome do Pitta. Não sei se o relatório é racista, porque ele é negro. De todos os citados, não vejo o nome de mais ninguém. É um resultado triste", afirmou.

"Funeral"

O senador sugeriu que a CPI chame o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, para fazer o que a comissão não fez. "Vamos pedir que ele faça lá o que nós não tivemos competência ou vontade de fazer aqui. Estamos assistindo ao funeral das CPIs", protestou.

O deputado Robson Tuma (PFL-SP) considerou o texto do relatório final pequeno, apesar das 1.400 páginas e levando-se em conta tantos nomes citados no decorrer das investigações da CPI. No momento em que recebeu sua cópia do texto, o pefelista pediu a palavra e comentou o teor do relatório: "Há nomes aqui que eu nunca vi nessa comissão. Não sabia que estavam sendo investigados", disse o deputado, que pediu mais prazo para análise do texto até a votação.

Quem são os indiciados

Gustavo Franco
Alberto Dalcanale Neto
Luiz Alberto Dalcanale
Roger Dalcanale
Ruth Wathely Bandeira
Marcelo Lopes Pinto da Silva
Afonso Celso Braga Filho
George Pantelíadis
Rogério Klein
Alexander Diógenes Ferreira Gomes
Reinaldo Peixoto
Fernando Peixoto
Jorge Verges
Jorge Rodovelho
Francisco Muñoz Melgar
Francisco Alves de Oliveira
Carlos Henrique Cassemiro
Basílio Silgueiro
Ruth Bandeira
Jayme Guelmann
Fabio Roberto Izaak
Jayme Canet Junior
Jayme Canet Neto
José Eduardo Alves Ferreira
Armando Santone
Rodrigo Ferreira Santone
Rui Luis da Luz Leite de Souza
Donald Antonhy Henning Sutton
Juscélio Nunes Vidal
Fabio Cunha Simões de Carvalho
Bernardino Justino Vargas
João Carlos da Rosa de La Rocha
Adalberto Bernardo de Lira
Alberto Israel Lifsitch
José Luiz Correa
Renato Tiraboschi
Rogério Figueiredo Vieira
Helio Toledo Peixoto
Samuel Klein
Michael Klein
Aníbal Contreras
Haroldo Bicalho Silva
Paulo Grapiuna
Elcio Antonio de Azevedo
Manoel Bernardes
Paulo Roberto Oliveira Bernardes
José Eustáquio Cardoso
Felice Aggio
Jose Luiz da Costa Meza
Carlos Hugo Sosa Palmeirola
Silvio Cuenca Gonzáles
Celso Roberto Pitta do Nascimento
Hilário Sestini Junior
José Paschoal Constantini
Antonio Carlos Sestini
Scheyla Kersting Frediani
Marcelo Pizzo Lippelt
Célio Tabith Junior
Guilherme Monteleone Tabith
Edison Pereira Ramos
Aparecido de Assupçao Junior
Laodse Denis de Abreu Duarte
Dario Messer
Clark Setton
Roberto Matalon
Marco Ernest Matalon
Patrícia Matalon
Ernesto Matalon
Mauricio Matalon
Ricardo Alberto Sanchez Pagola,
Raúl Alberto Zoboli Pegazano
Juan Luiz Bertrand Bitlloch
Jorge Peirano Basso
José Peirano Basso
Juan Peirano Basso
Lucio Azzoni
Jairo (operador de câmbio)
Tite (operador de câmbio)
Nair Cunha
João Paulo Andrade da Silva
Antonio Wanis Filho
Renato Lanzuolo Filho
Yan Fuan Kwi Fu
Rachelle Abadi
Ariovaldo Carmignari
Paulo Domingos Knippel
Cristiano Roberto Tatsch
Fernando Fournon Gonzáles Barcia