CPI das sanguessugas tem apoio de 260 congressistas

Os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ), Maria José Maninha (PSOL-DF) e Raul Jungmann (PPS-PE), juntamente com a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), protocolaram ontem, na mesa do Senado, novo pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o envolvimento de parlamentares com a compra superfaturada de ambulâncias e fraude com verbas da Saúde, descoberto pela Operação Sanguessuga, da Polícia Federal. O requerimento foi assinado por 230 deputados e 30 senadores.

O primeiro pedido de abertura de CPI fora negado ontem, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele alegou uma falha regimental porque no ofício estava escrito "Lista de apoiamento", quando o correto, segundo Renan, seria "Lista de signatários". A atitude do presidente do Senado revoltou Gabeira, que qualificou Renan de "chefe da facção do PMDB envolvida com os sanguessugas". Para a abertura de uma CPI mista (Câmara e Senado) são necessárias as assinaturas de 27 senadores e 171 deputados.

Gabeira disse que, se o senador Renan Calheiros encontrar novamente uma filigrana política para impedir a instalação da CPI, os autores do pedido de investigação pretendem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). "É um direito do Congresso fazer a investigação, identificar os culpados e colocá-los na cadeia", afirmou Gabeira. Se houver pressão para a retirada de nomes, os defensores da CPI pretendem contra-atacar. Vão divulgar os nomes dos fujões.

Para Heloísa Helena, a iniciativa do requerimento atende a uma exigência do povo brasileiro, que quer saber quais são os parlamentares e funcionários dos Ministérios da Saúde e da Fazenda que estão envolvidos na fraude.

Em relação ao requerimento apresentado ontem, Calheiros disse que vai tomar uma decisão em conjunto com os líderes dos partidos. "É preciso ter "muita calma, muito equilíbrio para ajudar que se avancem nas investigações, mas é preciso ter muita preocupação também com os sanguessugas da mídia, com os vampiros da mídia, com essas pessoas que querem aparecer desesperadamente.", afirmou Calheiros, sem, no entanto, citar os nomes das pessoas a que se referia.

Operação

A Polícia Federal efetuou uma série de prisões, no dia 4 de maio, na chamada Operação Sanguessuga, de pessoas suspeitas de envolvimento na fraude, que já teria movimentado R$ 110 milhões. Entre os presos estavam dois deputados, assessores de parlamentares, empresários e uma funcionária do Ministério da Saúde. De acordo com a PF, o esquema funcionava desde 2001 e consistia na oferta, por parte da empresa Planam, do Mato Grosso do Sul, de ambulâncias para as prefeituras de todo o País e empresas não-governamentais que recebem ajuda do governo. 

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