CPI das Privatizações perde força política

Menos de 48 horas depois de ter sido criada pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a nova CPI das Privatizações perdeu força política ontem), antes mesmo se sua instalação. Ao mesmo tempo em que o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, afirmava que o Palácio do Planalto não trabalhara em favor da CPI, o próprio Aldo Rebelo negava sua intenção de pedir logo, aos líderes partidários, que indiquem seus representantes na comissão.

"Não estou apressado não", resumiu Rebelo, logo depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter condenado a iniciativa da Câmara. "Em nenhum momento eu incentivei ou desestimulei essa CPI", disse o ministro Wagner, segundo quem o governo não tem pressa "nem de fazer esta CPI, nem de encerrar as demais".

Para o líder tucano, deputado Alberto Goldman (SP), o presidente da Câmara apenas cumpriu uma formalidade inerente ao cargo que ocupa ao assinar o ato de criação da CPI na noite de segunda-feira. Ele não acredita que o inquérito vingue, porque a investigação poderia provocar incertezas no mercado e comprometer os investimentos externos, embora o alvo dos governistas favoráveis à CPI sejam as privatizações feitas durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

"Foi o próprio governo que não deixou instalar a CPI do setor elétrico", recorda Goldman. Ele deixa claro, no entanto, que a nova CPI não é problema para os tucanos. "Eu até já me indiquei para ser um dos representantes do PSDB. Ninguém melhor do que eu para ser membro da CPI, uma vez que, como parlamentar, participei de todos os processos de privatização".

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), não tem dúvidas de que a nova CPI é fruto da luta política entre tucanos e petistas. "É a luta política que está movendo o PSDB e o PT. Não sei se houve irregularidade nas privatizações ou não, mas se há algo a se investigar, que se investigue", disse Temer.

O temor de adversários do PT e do PSDB é o de que a nova CPI acabe servindo de moeda de troca entre tucanos das CPIs dos Correios e dos Bingos, e petistas do novo inquérito das privatizações. Eles receiam que a eventual descoberta de irregularidades e desvios de recursos praticados no processo de privatização do governo FHC possam servir para pressionar tucanos e pefelistas a apressar o encerramento das duas CPIs que infernizam a vida do governo (Bingos e Correios).

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