As delegadas Bárbara Arraes e Maria Angelita – que investigam denúncias de abuso sexual contra ex-coroinhas, supostamente cometidos por três religiosos que respondiam por paróquias na cidade de Arapiraca (AL) – disseram hoje que vão entregar um relatório sobre o caso à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apura crimes de pedofilia no Brasil. A CPI da Pedofilia demonstrou interesse pelo caso desde que o escândalo foi divulgado.

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Bárbara Arraes e Maria Angelita foram designadas pela direção-geral da Polícia Civil de Alagoas para investigar as denúncias, supostamente praticadas pelos monsenhores Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes, e pelo padre Edílson Buarque. De acordo com testemunhas, os crimes teriam sido praticados quando os ex-coroinhas ainda eram crianças. Os religiosos negam as acusações, mas não querem falar sobre o assunto.

As delegadas estiveram em Arapiraca durante dois dias desta semana e colhem mais de 20 depoimentos de testemunhas sobre o caso. O escândalo abalou a comunidade católica alagoana e chegou também ao conhecimento do Vaticano, além de despertar o interesse da CPI da Pedofilia, no Senado. Segundo o senador Magno Malta (PR/ES), presidente da CPI, a Comissão quer ouvir as vítimas e os acusados.

“Já mantivemos contato com o senador Magno Malta e ele confirmou que a Comissão vem até Arapiraca para ouvir os envolvidos no caso. Além disso, a pedido da CPI, nós vamos entregar a ele um relatório sobre o que foi investigado pela Polícia Civil de Alagoas”, afirmou Bárbara Arraes, que é delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes.

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Vídeo

O escândalo veio à tona após a divulgação de um vídeo, gravado por uma das vítimas e divulgado no programa ‘Conexão Repórter’, do SBT. O vídeo mostra o monsenhor Luiz Marques Barbosa mantendo relações sexuais com um jovem identificado como Fabiano, de 20 anos, dentro da casa do padre, construída com recursos da comunidade católica de Arapiraca, que fica a 142 quilômetros de Maceió.

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Na denúncia, ex-coroinhas afirmam que foram aliciados e abusados sexualmente pelos monsenhores Raimundo Gomes, Luiz Marques Barbosa e pelo padre Edílson Buarque, quando ainda eram crianças. Além dos depoimentos de testemunhas, as delegadas têm como principal prova da acusação a fita de vídeo no qual o monsenhor Luiz Marques é flagrado mantendo relações sexuais com um ex-coroinha.

Os três sacerdotes envolvidos no escândalo foram afastados das atividades eclesiásticas na região, por determinação do bispo de Penedo, Dom Valério Breda. A medida foi tomada após as denúncias se tornaram públicas. O senador Magno Malta confirmou que vai convocar os religiosos para depor na CPI da Pedofilia e que aguarda apenas a conclusão do inquérito da Polícia Civil de Alagoas para enviar o caso à Polícia Federal.