Investigar e propor ações para combater o tráfico de animais e plantas silvestres, uma atividade que movimenta mais de US$ 1 bilhão por ano no Brasil. Esse é desafio da CPI da Biopirataria, instalada esta semana na Câmara Federal por iniciativa do deputado Rubens Bueno (PPS).
Segundo o parlamentar, combater esse crime não é apenas uma questão emergencial, mas um ato de soberania. “O tráfico de animais e de plantas é a terceira atividade ilícita mais rentável no mundo. Está atrás apenas do contrabando de drogas e de armas”, disse o deputado paranaense. “Recursos naturais do Brasil estão sendo contrabandeados para outros países e dando origem a medicamentos patenteados no exterior”.
A comissão parlamentar de inquérito será presidida pelo deputado Luiz Ribeiro (PSDB-RJ), tendo como relator o deputado Sarney Filho (PFL-MA). Ele terá prazo de 120 dias para elaborar seu relatório sobre as investigações. De acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), aproximadamente 10% do tráfico mundial de animais e plantas silvestres são cometidos no Brasil. Mas este não é o único problema. Os fiscais constataram a existência de dois tipos diferentes de contrabando: o doméstico, constituído por 28 diferentes rotas que incluem meios de transporte fluvial, marítimo, aéreo e rodoviário, e o internacional, que possui 13 rotas e tem como base as seguintes de Manaus, Belém, Campo Grande, Rio de Janeiro, Itajaí e Florianópolis.
Esses pólos do tráfico mantêm conexões com Miami (EUA), Bruxelas (Bélgica), Amsterdam (Holanda) e Cingapura. Um trabalho preliminar da Polícia Federal, em parceria com o Ibama, aponta as regiões Norte e Nordeste como alvos prediletos dos contrabandistas. “O tráfico está contribuindo para elevar o número de animais em risco de extinção”, disse Rubens Bueno. De acordo com o Ibama, há no Brasil 208 espécies de animais e 107 plantas que podem desaparecer do planeta. A CPI inicia investigações já na próxima semana.
