O presidente Lula, ontem, durante |
Brasília – Num pronunciamento de 10 minutos em rede nacional de rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a corrupção, ao longo dos anos, tem sido um pesadelo para os governantes e uma grande vergonha para o povo brasileiro. Em meio às denúncias de corrupção nos Correios e de um suposto esquema de pagamento de mesada para parlamentares apoiarem o governo, Lula prometeu punição exemplar para os envolvidos, mesmo que sejam aliados do governo. ?O corrupto deve ser sempre punido, e sempre de forma exemplar, seja ele quem for, venha de onde vier, seja adversário ou aliado. Como todos sabemos, a corrupção é uma doença antiga, mas muito podemos fazer contra esse câncer que corrói nosso País.?
Lula disse que as prisões que têm sido realizadas pela Polícia Federal dão a falsa impressão de que a corrupção tem aumentado no País. Segundo Lula, nestes dois anos e meio de mandato foram presas 1.006 pessoas acusadas de corrupção e desbaratadas quadrilhas responsáveis por desvios de bilhões de reais, ?esquemas que existiam há muitos anos e não eram investigados?, segundo ele.
?São empresários, juízes, políticos, policiais e funcionários públicos graduados que há anos agiam impunemente. Na verdade, nunca a Polícia Federal foi tão livre, ágil e eficiente como agora.?
Em mais uma de suas metáforas, o presidente disse que o combate à corrupção é como uma casa onde há muito tempo não se faz uma limpeza de verdade e onde muita sujeira está acumulada.
?Quando você começa a limpar, o que mais aparece é lixo: atrás da porta, debaixo dos móveis, dentro dos armários?, afirmou Lula, garantindo que seu governo não tem jogado a sujeira para debaixo do tapete.
O presidente disse que o País tem maturidade para corrigir seus próprios erros e destacou a importância de uma imprensa livre e democrática.
?Feliz do país que tem uma imprensa livre e democrática que a tudo pode acompanhar, fiscalizar e investigar. Sou daqueles que acreditam que a verdade sempre prevalece, mais cedo ou mais tarde.?
Lula disse que em momentos críticos como o atual parece que tudo se nivela por baixo e que todas as pessoas são iguais, mas isso não é verdade. Segundo ele, uma investigação profunda, como a que estaria sendo feita pela Polícia Federal, reforçada pelas CPIs, vai ajudar o País a ?separar o joio do trigo, o bem do mal, a verdade da mentira?.
?E garanto a vocês: se houver gente que tenha cometido desvios de conduta, usarei toda a força da lei?, disse Lula, afirmando que dobrou o orçamento da PF e determinou que agisse sempre sem motivações políticas.
Reforma ministerial
Para fechar o desenho da reforma ministerial, o presidente Lula cancelou a viagem que faria entre domingo e terça-feira à Colômbia e à Venezuela. O presidente viajaria no domingo à noite para a Colômbia e na terça, seguiria para a Venezuela, onde se reuniria com os presidentes Hugo Chávez e Nestor Kirchner, da Argentina. Ontem, Lula já havia cancelado uma viagem ao Rio de Janeiro para continuar negociando as mudanças no Ministério.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente. Antes do encontro, Aldo conversou com alguns líderes aliados e demonstrou sua disposição de entregar o cargo. A expectativa é que haja uma definição rápida sobre a pasta da coordenação política, que deve ser incorporada pelo ministro Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Desmentido
Mais tarde, porém, Aldo Rebelo negou que tenha pedido demissão ao presidente Lula. Logo após a audiência que teve com Lula, Aldo disse: ?Essa informação não procede, continuo ministro até quando o presidente Lula considerar assim.?