Corrupção: PT pede desculpas à nação

  Ricardo Stuckert / ABr
Ricardo Stuckert / Presidência da República

Preocupação principal do PT é
garantir o mandato de Lula,
ameaçado pelos escândalos.

Brasília – O PT divulgou ontem uma nota em que pede desculpas à nação e na qual afirma que vai defender o mandado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nota foi aprovada na véspera na reunião da executiva nacional do partido, em Brasília.

O texto diz que "os atos que nos comprometem, moral e politicamente, perante os brasileiros, foram cometidos por dirigentes do PT, sem o conhecimento de suas instâncias". Diz ainda que, quando o partido tiver um quadro completo das responsabilidades, como as já assumidas pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, elas serão amplamente divulgadas à sociedade brasileira.

"Estamos recompondo nossa vida interna, reorganizando as nossas estruturas administrativas e procurando responder à crise política para defender a continuidade com normalidade do governo Lula. Ao presidente, o PT manifesta a sua confiança e a disposição de defender o seu mandato, que já consolidou importantes conquistas para o povo brasileiro, recuperando a economia e a geração de empregos num país que estava à beira do desastre", diz a nota.

Na nota, o PT defende uma ampla reforma política, com fidelidade partidária rigorosa e financiamento público e redução dos custos de campanhas, com vigência ainda para as eleições de 2006. Por isso, apóia emenda constitucional que amplie, até o fim deste ano, o prazo para votação de mudanças na lei eleitoral, para aplicação nas eleições de 2006.

A direção do PT orienta ainda todos os diretórios municipais a promoverem debates e manifestações em defesa do partido, contra a corrupção e a impunidade e em defesa do governo Lula no dia 27 de agosto. A executiva do PT decidiu também não punir os sete deputados acusados de envolvimento com o suposto mensalão: José Dirceu (SP), João Paulo Cunha (SP), Paulo Rocha (PA), Professor Luizinho (SP), João Magno (MG), José Mentor (SP) e Josias Gomes (BA). Foi derrotada a proposta da ala esquerda que pedia abertura de processo disciplinar na comissão de ética do partido, além de suspensão dos parlamentares por 60 dias.

"É uma estratégia fantástica para enfrentar um incêndio a conta-gotas. Isso nos causa frustração. É uma decisão protelatória", disse o deputado Chico Alencar (RJ), autor da proposta de abertura imediata dos processos no conselho de ética. Um dos que foram contra a medida foi o secretário-geral, Ricardo Berzoini. Ele afirmou na reunião que considerava absurdo punir um companheiro por causa de denúncias de caixa 2, porque isso não era razão suficiente.

Um dos citados, o deputado Paulo Rocha deu explicações preliminares à executiva sobre o dinheiro que recebeu por meio de saque nas contas do publicitário Marcos Valério. "Somos contra essa punição porque não cometemos nenhum crime." Outro nome da lista do PT, o deputado José Mentor, também ligado a José Dirceu, esteve na reunião e contestou a proposta de punição: "O PT tem tradição de garantir a defesa política e pessoal de seus integrantes. Qualquer sugestão a priori condenatória deve ser rejeitada. Os deputados que assinam esse pedido reiteradas vezes contrariaram decisões da bancada. E nenhum de nós pediu qualquer condenação prévia", afirmou Mentor.

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