O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), vai abrir investigação para apurar o suposto envolvimento da Polícia Legislativa em espionagem de adversários políticos do presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), conforme denúncia publicada na edição desta semana da revista Veja. Caso confirmada, a denúncia pode gerar mais um processo de cassação por quebra de decoro contra Renan, desta vez por prevaricação e abuso de poder. Tuma informou que também vai levar o caso amanhã à Polícia Federal para que seja aberto inquérito. "O fato é extremamente grave e será investigado a fundo para punição dos responsáveis", disse.

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Esta semana, o plenário do Senado julga o segundo processo de cassação de Renan, acusado de ter usado laranjas na compra de emissoras de rádio e de um jornal em Alagoas. Tuma disse que há mais de um mês a corregedoria já vinha investigando suspeitas de bisbilhotagem contra os senadores goianos Marconi Perillo (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM), ferrenhos defensores da cassação de Renan. "O que não sabíamos era dessa suspeita de uso da máquina pública para perseguição de desafetos, uma prática criminosa", afirmou o corregedor.

Conforme a revista, a Polícia do Senado teria contratado dois escritórios de detetives – um em Brasília e outro em Goiânia – para bisbilhotar a vida de Perillo. Os arapongas estariam orientados a identificar desde supostos negócios fraudulentos entre o parlamentar e empresários até supostas contas bancárias dele no exterior. Investigação secreta feita pela polícia goiana segundo a denúncia, constatou que um dos escritórios contratados seria a Central Única Federal dos Detetives do Brasil, que teria grampeado os telefones do senador e até violado seus sigilos bancário e fiscal.

Tuma pediu uma audiência amanhã com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, para expor o caso. A abertura do inquérito policial, porém, depende de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que, como senador, Renan tem direito a foro especial. Mas em caráter reservado, a Inteligência da PF já está fazendo levantamento preliminar, a pedido do corregedor, sobre arapongagem contra adversários políticos do presidente licenciado do Senado.

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