A Corregedoria da Polícia Civil abriu investigação para apurar as circunstâncias da morte do empresário Vicente Antônio Elias Júnior, de 33 anos, que teve o carro atingido por 15 disparos durante abordagem por sete policiais civis à paisana e com veículos descaracterizados, na última terça-feira, 4, em uma estrada rural de Tatuí, interior de São Paulo.
Conforme testemunhas, Júnior achou que os policiais eram assaltantes e tentou fugir, quando o veículo foi alvejado. Vários tiros acertaram o empresário, que morreu na hora.
Na apresentação da ocorrência, os policiais disseram que tinham se identificado e foram recebidos à bala pelo ocupante do veículo, por isso reagiram e houve tiroteio. O caso foi registrado como de “oposição à intervenção policial”, o que configuraria morte em legítima defesa.
Elias Júnior levava no carro um funcionário da cerâmica da família e o filho dele, adolescente. O homem havia descido para abrir o portão do sítio, quando tudo aconteceu. Ele e o filho nada sofreram e já depuseram à polícia sobre o caso. Os depoimentos não foram divulgados.
A família de Elias Júnior contesta a versão da polícia. Conforme a irmã, Maria Roberta Camargo Elias, ele comprou uma arma após ter sido assaltado no sítio, mas não chegou a usá-la. “Não houve troca de tiros. Ele viu que havia três carros se aproximando e achou que eram ladrões. O funcionário que estava no portão disse que não viu o Junior atirar.”
Segundo a irmã, ao ser abordado, Elias Júnior deu ré para tentar fugir e bateu no carro, que não tinha identificação da polícia. “Eles começaram a atirar e o carro capotou. O menino só não foi atingido porque o corpo do Júnior protegeu”, disse.
Ainda segundo a jovem, o sítio havia sido furtado várias vezes e Elias Júnior estava recebendo ameaças. “Ele registrou um boletim de ocorrência pelas ameaças e ligou várias vezes para a polícia denunciando os furtos. O carro que ele dirigia estava identificado com a logomarca da empresa. Nós queremos uma explicação para o que aconteceu.”
A Secretaria da Segurança Pública do Estado informou que o caso é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil. As armas dos policiais e da vítima foram encaminhadas para perícia, mas os policiais não foram afastados do serviço. “Todas as circunstâncias estão sendo apuradas”, informou a SSP.