Brasília – O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), vai pedir cópia do depoimento dado à Polícia Civil do Distrito Federal por Bruno de Miranda Lins, que acusa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de participação em esquema de corrupção e propina no Ministério da Previdência Social e no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Tuma disse que quer ler o depoimento de Lins antes de decidir se ele será chamado para depor na Corregedoria da Casa. Denúncias publicadas na imprensa no último fim de semana mostram que Lins acusou Renan, em depoimento dado no ano passado, de participar, junto com Luiz Garcia Coelho, suposto lobista, de um esquema para favorecer o banco BMG durante a implantação do sistema de crédito consignado a aposentados e pensionistas.
Lins é ex-marido de Flávia Garcia Coelho, filha de Luiz Garcia Coelho e também funcionária do cerimonial de Renan Calheiros. O casal tinha relação pessoal com Renan, que foi padrinho do casamento deles.
O diretor da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, Miguel Lucena, confirmou que a versão do depoimento apresentada pela imprensa coincide com o teor do que foi denunciado à Polícia Civil, em setembro de 2006.
Segundo Lucena, o delegado que tomou o depoimento, João Kleiber Ésper, responde a um processo administrativo junto à Corregegoria Geral da Polícia Civil. O objetivo é apurar por quê, no período de quase um ano após o depoimento, não foi aberta nenhuma investigação sobre as denúncias de Lins.
Ainda de acordo com Lucena, no mês passado Ésper se licenciou do cargo que exerce atualmente, de diretor da Divisão Anti-Seqüestro da Polícia Civil. O diretor confirmou ainda que o depoimento de Lins já foi encaminhado à Polícia Federal, cuja assessoria não confirma nem desmente o fato.
As acusações feitas por Lins também envolvem outros dois parlamentares do mesmo partido de Renan: o ex-ministro da Previdência Social, senador Romero Jucá (RR), e o ex-presidente do INSS, deputado Carlos Bezerra (MT).
Jucá, segundo Tuma, também deverá ser investigado. "Cada um responde pela sua responsabilidade. Acho que, se tiver mais alguém (além de Renan Calheiros), tem que dançar. A valsa não pode ser só para um", afirmou hoje o corregedor.
Renan já responde a três representações por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. A primeira representação investiga se Renan teve contas pessoais pagas por um lobista de uma empreiteira. Na quarta-feira, o Conselho de Ética vota o relatório que recomenda a sua cassação de mandato por conta desse processo.
A segunda investiga se o senador beneficiou a cervejaria Schincariol depois que a empresa comprou uma fábrica superfaturada dele. Quanto a essa representação, o prazo para Renan se pronunciar termina amanhã (4). A terceira representaçaõ investiga a denúncia de que Renan Calheiros teria usado laranjas para comprar empresas de comunicação em Alagoas e ainda não tem relator.