O corpo do empresário e bibliófilo José Mindlin, de 95 anos, deve ser enterrado hoje no Cemitério da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Mindlin morreu nesta manhã após um mês de internação no Hospital Albert Einstein para tratamento de uma pneumonia.
Nascido em São Paulo, em 8 de setembro de 1914, Mindlin estudou Direito na USP e fez cursos de extensão universitária na Universidade de Columbia, em Nova York. Advogou por alguns anos, deixando essa atividade para fundar a empresa Metal Leve, que se destacou no setor de peças para automóveis e hoje é controlada pela multinacional alemã Mahle. Ele foi diretor da Metal Leve durante 46 anos, deixando a empresa em 1996.
Aos 32 anos, financiado por um empresário, conseguiu um sócio e fundou a livraria Parthenon, em São Paulo, especializada em livros raros. E assim iniciou seu périplo em busca de obras raras para sua biblioteca particular.
A sua paixão pelos livros fez com que chegasse a ter 45 mil volumes, colecionados desde os anos 30. Esse acervo incluiu raridades, como a primeira edição de Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa. Em junho de 2009, ele doou sua biblioteca, a maior coleção particular de livros do Brasil, para a USP, transformando-a na a biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. A Brasiliana USP, é um projeto acadêmico da Universidade de São Paulo que reúne a maior coleção de livros e documentos sobre o Brasil, um moderno edifício de 20 mil metros quadrados na Cidade Universitária.
Mindlin ocupou a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 20 de junho de 2006, sucedendo o escritor Josué Montello. José Mindlin deixa quatro filhos, 12 netos e 12 bisnetos. Sua mulher Guita morreu em 2006.
Velório
Figuras importantes no cenário nacional passaram pelo velório de José Mindlin no Hospital Albert Einstein, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador José Serra, o prefeito Gilberto Kassab, a ex-prefeita Marta Suplicy, o reitor da USP João Grandino Rodas, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, o economista José Pastore, o maestro Júlio Medaglia, o rabino Henry Sobel e o senador Eduardo Suplicy.
“Mindlin foi um resistente contra a ditadura e prestou apoio quando Herzog foi morto. Era uma pessoa que se preocupava com o País”, disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Mindlin será lembrado por doar sua coleção de livros à USP e ajudar na digitalização dos mesmos. Isso é importante por que no Brasil não temos a prática de doar”, comentou a ex-prefeita Marta Suplicy. “Ele foi um homem que ajudou o Brasil a ser um País melhor”, completou o senador Eduardo Suplicy.