Corpo de Jean chega à sua cidade natal

Márcio Fernandes / AE

O caixão foi levado pelo Corpo de Bombeiros à Igreja Matriz de
Gonzaga, local do velório.

Gonzaga – Enrolado na bandeira nacional, o caixão com o corpo do mineiro Jean Charles de Menezes, morto pela polícia em Londres, foi recebido com emoção no início da tarde de ontem, ao som do Hino Nacional, em sua cidade natal, Gonzaga, no leste do estado de Minas Gerais. Na sexta-feira passada, ele foi assassinado em Londres com oito tiros por agentes à paisana da polícia britânica, que o confundiram com um suspeito de terrorismo.

Ao ver o caixão, no alto do carro do Corpo de Bombeiros e coberto com a bandeira do Brasil, os moradores de Gonzaga soltaram balões nas cores nacionais. Os pais, que chegaram cedo à Igreja da Matriz, onde está sendo realizado o velório, receberam o corpo do filho com desolação.

Em Gonzaga, ontem era ponto facultativo e hoje, dia do enterro, será feriado. Às 13h, será realizada a missa de corpo presente e, às 15h, o corpo do eletricista será enterrado no cemitério da cidade. O secretário nacional dos Direitos Humanos, Mário Mamede, representa o presidente Lula no funeral.

A Polícia Militar mobilizou mais de 60 homens para garantir a segurança da despedida. Segundo informações da PM em Gonzaga, mais de mil pessoas compareceram durante a tarde na Praça da Matriz, para o velório. Os policiais organizaram a fila de amigos e parentes que queriam dar o último adeus a Jean Charles.

Diplomacia

Para o professor do Departamento de Direito Internacional da Universidade de Brasília (UnB), Cristiano Paixão, a morte de Jean em Londres ?não trará abalos nas relações diplomáticas entre o Brasil e o Reino Unido, pois o mundo hoje é muito unido em termos globais contra as ações terroristas?.

O que mais chocou, afirma, foi o grau de brutalidade da polícia no assassinato. ?São duas coisas chocantes: uma é a brutalidade e o despreparo da polícia britânica, e a outra é a reação de apoio das autoridades?, afirma. Jean Menezes morava havia cinco anos na Inglaterra, onde trabalhava como eletricista. ?Faltou apoio das autoridades britânicas no caso. Essa é uma ação que foi desastrosa, que tinha que ser deplorada e lamentada, com todas as palavras, e a reação britânica ficou longe disso.?

O professor disse ainda que a avaliação de perfil de raça, geralmente feita pelas polícias dos países da Europa, determinou os disparos. ?A polícia da maioria da Europa identifica os suspeitos pelos traços físicos ou sua religião. Portanto, uma pessoa que possui os cabelos louros e os olhos claros é bem menos visada?, analisa.

Segundo o professor, a punição dos executores é mais difícil: ?Se houver uma situação de um suposto terrorista com uma bomba, a polícia britânica está autorizada para atirar para matar. Eles cumpriram uma ordem do superior?.

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