O corpo do delegado da Polícia Civil Fábio Henrique Monteiro, assassinado a tiros na sexta-feira, 12, aos 38 anos, foi velado na Academia de Polícia Silvio Terra (Acadepol), no centro do Rio, na manhã deste sábado, e sepultado à tarde no mausoléu da instituição, no Caju. O delegado teria sido executado ao reagir a um assalto. Um suspeito de envolvimento no crime já foi identificado.
A família pediu que a imprensa não acompanhasse o velório. Lotado na Central de Garantias Norte (CG), unidade que otimiza os flagrantes policiais, professor de direito da Acadepol, ex-agente da Polícia Federal e pai de dois filhos, Monteiro foi encontrado com várias marcas de tiros no porta-malas de seu carro na Praça Dario Rogério, perto do viaduto de Benfica e das favelas do Arará e do Jacarezinho, na zona norte, na tarde de sexta.
O local dista menos de dois quilômetros da Cidade da Polícia, complexo de unidades da Polícia Civil onde fica a CG. Monteiro saiu para almoçar e não foi mais visto pelos colegas. Ele teria sido abordado por assaltantes perto do Jacarezinho e reagido com sua arma, sendo posteriormente executado dentro da favela.
Quem chamou a Polícia Militar foram pedestres que testemunharam quatro homens deixando o carro e correndo em direção ao Jacarezinho. Os PMs então encontraram o corpo no porta-malas. O crime desencadeou rapidamente operações no Arará e no Jacarezinho. Houve tiroteio e uma pessoa foi baleada. Mais de 40 suspeitos foram levados para prestar do depoimento.
A Delegacia de Homicídios investiga o caso. Segundo a polícia, um traficante estaria envolvido no assassinato e está sendo procurado. Uma mulher que estava no carro com o delegado já prestou depoimento. O veículo foi periciado. O crime está sendo tratado como prioritário pela Secretaria de Segurança. As duas polícias continuam nas favelas.
O secretário Roberto Sá manifestou-se dizendo que o assassinato de delegado foi um “atentado à democracia” e que a polícia “não vai descansar enquanto não colocar as mãos nos criminosos”. Ele e o chefe de Polícia Civil, Carlos Leba, participaram do velório.
“Cada um de nós que tomba é uma cicatriz que não fecha, mas que nos fortalece para que outros não passem por isso, outras famílias, outros policiais. Nós identificamos esse criminoso, esse marginal vai ser preso”, disse Sá.
Leba escreveu um desabafo compartilhado na página da corporação: “Clamamos pela vida dos policiais que, angustiados, veem mais um companheiro tombado, se imaginando ele. É difícil dizer vamos em frente. Mas é preciso. Chegará um dia que todo o nosso esforço não terá sido em vão. É preciso contradizer o pessimismo”.