A Copel não vai disputar o leilão de venda da Cesp, a Companhia Energética de São Paulo, programado pelo governo paulista para ser realizado no próximo dia 26. Pesaram na decisão da estatal paranaense fatores como a falta de definição quanto a prorrogação do prazo de concessão das usinas geradoras da Cesp (o das duas maiores, Ilha Solteira e Jupiá, expira em 2015) e detalhes do passivo da empresa que não puderam ser criteriosamente estudados.
?Tais incertezas não nos permitem ter a segurança necessária para um investimento desse vulto?, avaliou o presidente da Copel, Rubens Ghilardi. ?Concluímos que a disputa pelo controle da Cesp embute um risco empresarial que a Copel, por sua natureza e seus compromissos com a população do Paraná, não deve assumir?.
Com a decisão, tomada após semanas de estudos e simulações realizados por técnicos, a Copel não apresentou a documentação exigida pelo edital para a pré-identificação de interessados em participar do leilão, cujo prazo esgotou-se na tarde desta segunda-feira, dia 10.
?Continuamos convictos, no entanto, de que a disposição contida no edital vetando a participação de estatais de outros estados no leilão é claramente discriminatória?, disse Ghilardi. ?Se a engenharia financeira de uma eventual participação da Copel no leilão da Cesp tivesse apresentado como resultado um cenário que fosse favorável, sem dúvida a empresa tomaria as medidas judiciais cabíveis?.
A CESP
Foi criada para desempenhar a mesma missão da Copel e estruturou-se com perfil praticamente idêntico, operando um grande parque de usinas geradoras próprias, sistema de transmissão com linhas e subestações, e atendimento ao consumidor final.
Com o movimento de privatização que alcançou a maior parte das empresas elétricas brasileiras, a Cesp foi desmembrada e gradativamente vendida, restando hoje como seu patrimônio seis hidrelétricas, que somam potência instalada de 7.455 MW (megawatts).
As três maiores estão localizadas no rio Paraná: Ilha Solteira com 3.444 MW, Jupiá com 1.551 MW e Porto Primavera com 1.540 MW. As demais são as usinas Três Irmãos (rio Tietê, com 807 MW), Paraibuna (rio Paraibuna, 85 MW) e Jaguari (rio Jaguari, 27 MW).
Pela venda de suas ações na Cesp, o Governo de São Paulo estabeleceu o preço mínimo de R$ 6,6 bilhões. Em decorrência da legislação comercial, no entanto, o valor total do negócio chega a R$ 17 bilhões, já que o vencedor do leilão fica comprometido a comprar pelo mesmo preço as ações em poder dos minoritários.