Brasília – "Eu tenho que olhar o avião, anotar na estripe eletrônica, modificar a estripe eletrônica e tirar uma ficha de papel, porque o sistema não é seguro". Esse é o dia-a-dia de trabalho de Fátima Moraes no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) I, em Brasília.
Controladora civil desde 1979, Fátima participou da manifestação realizada pelas esposas e familiares de controladores de vôo, na Esplanada dos Ministérios. ?Afeta o meu trabalho, é por isso que eu vim para essa manifestação?, afirmou. A Aeronáutica nega que o sistema não seja seguro.
O sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro não é seguro, segundo Fátima. "Podem me matar em praça pública, eu repito, nunca ninguém viu avião em Palmas, Nevos, Bomal, Tesal, Pojá e Nabol, depois de Perez ninguém via nada?, diz ela, citando várias cidades que deveriam ser coberta pelos radares do Cindacta I.
A controladora afirma que, desde o acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em setembro de 2006, nenhum dos controladores é o mesmo. ?Nós fomos treinados para salvar vidas, para fazer as pessoas saírem de casa, entrar num avião e chegar a outra cidade e isso aconteceu conosco?. No entanto, ela admite que isso já era esperado. ?Esse fantasma sempre nos acompanhou, nós tínhamos muito medo realmente que acontecesse?.
Ela diz, ainda, que a truculência com os controladores piorou depois da greve, no final de março deste ano. Ela conta que, depois disso, um capitão que é meteorologista, quando vai dar a previsão do tempo, ?vai todo camuflado como se estivesse indo para a guerra; eu não estou numa guerra!"