Enquanto o comércio como um todo encolhe para enfrentar uma crise que já dura dois anos, os gráficos do varejo de produtos para animais de estimação continuam em trajetória ascendente. “Às vezes é constrangedor nas reuniões do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo): os colegas chegam com relatos de fechamento de lojas, demissão, acordo para redução de salários e, nós, sem dúvida, estamos em um momento bem diferente”, conta Sergio Zimerman, presidente da Petz, a maior varejista de produtos para animais de estimação em número de lojas e segunda no ranking de faturamento, atrás apenas da rival Cobasi.
Nesse cenário, reforçado por um horizonte de mais crescimento no segmento, Zimerman decidiu acelerar a expansão da empresa. Com 49 lojas e 1,8 mil funcionários, a companhia vai investir neste ano R$ 80 milhões na abertura de 16 lojas e planeja contratar cerca de 500 empregados.
Fundada em São Paulo, em 2002, como Pet Center Marginal, a rede acaba de estrear na região Sul, com uma unidade em Porto Alegre. O plano de expansão prevê mais três lojas na região até o fim do ano e reforço no Sudeste e no Centro-Oeste. “Nosso projeto é nacionalizar a marca e planejamos chegar ao Nordeste no próximo ano”, explica Zimerman. Segundo o empresário, o objetivo é ter 6 a 8 lojas na região, que antes deve receber um centro de distribuição, provavelmente no Recife.
Controlada pelo fundo americano Warburg Pincus, que em 2013 comprou 54% da companhia, a Petz prevê ainda pra 2019 a abertura de seu capital, a fim de reforçar a musculatura financeira.
No ano passado, a rede faturou R$ 500 milhões, um crescimento nominal de 31%. Para este ano, por conta das novas unidades, a previsão é de um crescimento de receita de 50%. Mas, na mesma base de lojas, o avanço deve ser menor, de 14%, prevê o empresário. “A média histórica da companhia é de um crescimento de 20% a 22% nas mesmas lojas. Sentimos uma desaceleração em 2016, mas continuamos crescendo a taxas muito fortes”, diz Zimerman.
Mercado. No ano passado, o varejo físico de produtos pet, tanto as superlojas como as pequenas, movimentou R$ 10,4 bilhões, com crescimento de 7,1% em relação ao ano anterior, segundo a consultoria Euromonitor. Nesse mesmo período, o varejo brasileiro como um todo teve o pior desempenho no volume de vendas em 16 anos: caiu 6,2%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2011 e 2016, as vendas de produtos pet aumentaram, em média, 9% ao ano. E a perspectiva até 2021 é de um avanço anual de 1,7% ao ano.
‘Humanização’. Zimerman atribui a resistência do segmento a um fenômeno mundial: a “humanização” dos animais de estimação. “O cão de estimação saiu do quintal e foi para a cama do dono”, observa o empresário. Além disso, no Brasil a utilização de itens premium, como rações especiais e antipulgas, por exemplo, é muito baixa.
Hoje, o Brasil é o quinto maior mercado em vendas de produtos pet, atrás de Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão. A projeção da Euromonitor é que, até 2021, o País ultrapassará Japão e Alemanha e se consolide como o terceiro maior mercado mundial.
O bom desempenho das vendas de produtos pet diminuiu, segundo pessoas do setor, o estigma que há a respeito desse segmento, tratado muitas vezes como varejo de segunda linha. A prova dessa mudança é que a rede varejista tem contratado executivos egressos de hipermercados, como Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar.
“Somos um dos únicos segmentos do varejo com um projeto bastante consistente de crescimento. Os outros se dividem entre os varejos que estão recuando e aqueles que estão procurando se manter ou crescer um pouco.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.