Uma parte dos parques municipais de São Paulo amanheceu nesta terça-feira, 31, com funcionários em dúvida se continuariam fazendo serviços de vigilância, limpeza e zeladoria. A Prefeitura publicou no Diário Oficial da Cidade despachos suspendendo a execução de 24 contratos para a prestação desses serviços, que somam R$ 94 milhões. Em nota, porém, a administração disse que a suspensão era “temporária” e as ações continuarão a ser prestadas.
Desde segunda-feira, 30, o sindicato que reúne as empresas prestadoras desses serviços vinha questionando a suspensão. Alega ter sido pego “de surpresa”. “Decidimos esperar para entender o que estava acontecendo, mas já começamos a analisar se era o caso de recorrer à Justiça”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação do Estado de São Paulo (Sesvesp), João Eliezer Palhuca. No fim da tarde, ele informou ter recebido a informação de que o problema estaria resolvido. Não há orientação da entidade, segundo ele, para interromper serviços.
A Prefeitura enviou nota com poucas informações sobre os motivos da suspensão. O texto dizia que a medida “ocorre por uma obrigação burocrática, necessária apenas para que houvesse um ajuste orçamentário”. “A decisão foi tomada como uma medida administrativo-financeira”, continuava o texto.
A reportagem apurou que uma disputa por verbas é o pano de fundo do problema. A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente vinha requerendo mais verbas para o serviço, mas recebia negativas da Secretaria da Fazenda. A decisão foi suspender os contratos para não comprometer o orçamento. Mas nesta terça mesmo a pasta da Fazenda fez remanejamentos de verbas no orçamento para o Verde, de R$ 2,4 milhões, e deve liberar mais.
Surpresa
Os parques da região central tiveram suspensão do serviço de limpeza e zeladoria, mas continuaram com segurança, que foi suspensa em parte das unidades das zonas sul e leste. No Parque do Ibirapuera, por exemplo, além dos contratos de manutenção, o problema também envolve a manutenção do planetário. O mesmo ocorre com o planetário do Parque do Carmo, na zona leste.
A notícia surpreendeu tanto quem frequenta quando quem trabalha no Ibirapuera, que não teve serviços suspensos nesta terça-feira. Um funcionário da empresa de vigilância que atende o parque contou ter sabido da suspensão pela imprensa. “Se soubesse (antes), nem teria vindo”, disse ele, sem se identificar. “Se não tiver ao menos vigilância, imagina a bagunça”, afirmou a ambulante Carol Santos, de 34 anos.
Coordenador de segurança da informação, Jean D’Elboux, de 33 anos, disse que vai ficar mais atento se a vigilância foi reduzida. “Se perceber que isso começou a trazer risco para meu trabalho, vou procurar um café, uma padaria”, comentou ele, que costuma trabalhar em home office no Ibirapuera ao menos uma vez por semana. “Já não me sinto muito seguro. Não teria coragem de deixar minhas coisas aqui para ir ao banheiro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.