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Condoleezza Rice, ontem, durante |
Brasília – A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, fez ontem um alerta às democracias da América Latina para que não dêem ?marcha à ré? na consolidação das instituições, numa referência ao governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. No discurso, Condoleezza deixou claro o interesse de atrair o Brasil para a política externa dos EUA de ampliar a democracia em todo o mundo. Os dois países ?podem conseguir muito como parceiros em matéria de segurança, de prosperidade e de defesa da liberdade e da dignidade humana?, destacou várias vezes.
?A história do avanço da democracia leva a mensagem aos países que não a consolidaram. Não percam a esperança, não se desanimem e, sobretudo, não dêem marcha a ré agora?, advertiu Condoleezza Rice, em palestra sobre a política externa norte-americana no Memorial JK. ?Grandes democracias multiétnicas, como os EUA e o Brasil, a Índia e a África do Sul, precisam trabalhar juntas para chegar a um equilíbrio de forças que favoreça a liberdade. O surgimento de nações democráticas, como essas que mencionei, não custam nada para ninguém e redundam em benefícios para todo o mundo.?
Ela, que comanda há três meses o Departamento de Estado, destacou o conceito do presidente George W. Bush de divisão do mundo entre os que estão ?do lado certo? – referência a países democráticos – e os povos que ?necessitam de ajuda? para a consolidação das instituições. Trata-se de uma leitura mais apurada, e pertinente à América Latina em especial, da declaração de Bush na Assembléia-Geral das Nações Unidas em novembro de 2001. Dois meses depois do ataque terrorista a Nova York e Washington, ele avisara o mundo que ?quem não é amigo é inimigo?.
Ela elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que é um ?homem de princípios? e destacando passado pobre e de sindicalista como exemplo da mobilidade social no Brasil e o esforço do País pela democratização. Na mesma linha, assinalou o avanço democrático, a desestatização e a conversão dos países da América Latina em economias de mercado a partir dos anos 80.
Parceiros
Apesar disso, insistiu em que, se Brasil e EUA querem, realmente, atuar juntos para difundir a democracia, ?têm de pensar e agir como parceiros?. Ela disse que os EUA rejeitam como ?relíquia do passado? a visão que defende a rivalidade. ?Em toda a América Latina, foram patriotas impacientes que tiraram ladrões, assassinos e ditadores do poder. Foram patriotas impacientes que puseram fim às economias estatizadas que empobreceram toda a região, e foram patriotas impacientes que redefiniram o que era possível fazer na América Latina?.
Ao abrir espaço para a platéia, perguntaram-lhe sobre o suposto pedido americano de que o Brasil intermediasse as relações com a Venezuela. Ela respondeu que, entre países do continente, não há necessidade de mediadores e, mais uma vez, tentou envolver o governo brasileiro no objetivo de refrear o aliado Chávez.
