O juiz Ronaldo Valle preside a partir de hoje a segunda sessão de julgamento dos acusados de mutilação de crianças e adolescentes em Altamira, no Oeste do Pará. Vão sentar no banco dos réus os médicos Anísio Ferreira e Césio Brandão, além da vidente Valentina Andrade, apontada como líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), que prega a abstinência sexual e sacrifício humano e que também foi investigada por suspeita de ligação com o desaparecimento de crianças no Paraná.
A expectativa é de que aconteça um novo desmembramento de sessão, provocado pelos advogados de defesa, podendo ser marcada uma terceira e quarta sessão. Essa possibilidade ficou subentendida na abertura da primeira sessão de julgamento, quando o advogado de Valentina, Américo Leal, recém-contratado, pediu cópia dos autos para estudar o processo. O desmembramento pode decorrer da negativa de jurados, por um dos advogados de acusação. O Conselho de Sentença deve ser formado em consenso entre os representantes das duas partes.
O assistente de acusação, Clodomir Araújo, disse que a perspectiva para a segunda sessão é de condenação dos réus. “As provas que reunimos são fortes e suficientes para comprovar que são co-autores nos crimes. Isso já ficou demonstrado na primeira sessão”, disse, destacando que o veredito dos jurados foi por unanimidade.
No entanto, a defesa promete surpresas no julgamento. Levantando a tese de negativa de autoria, Jânio Siqueira, que defende Anísio Ferreira, disse não temer o fato da condenação dos outros dois acusados (Amailton Gomes e Carlos Alberto Santos), alegando que vai provar que eles são inocentes. A defesa garante que os três réus que faltam ser julgados vão estar presentes na sesão de hoje.
O advogado de Amailton Gomes, Hercílio Pinto, ingressou hoje na 15.ª vara penal com o recurso de apelação de sentença. A defensora pública Marilda Cantal, que defende o ex-policial Carlos Alberto Santos, vai adotar o mesmo procedimento.
O objetivo é a anulação do júri que condenou Amailton e Santos a 57 e 35 anos de reclusão, respectivamente. Os réus deixaram a tribuna do júri algemados e foram imediatamente levados ao presídio de Americano, após três dias de julgamento.
Investigação não foi pedida
A Secretaria da Segurança Pública do Paraná informou ontem, via assessoria de imprensa, que ainda não recebeu oficialmente o pedido da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República de voltar a investigar o desaparecimento de quatro meninos do Paraná que teriam sido seqüestrados, torturados, castrados e assassinados. Seus órgãos genitais teriam sido usados pelos criminosos em rituais da magia negra, assim como os de outros catorze meninos em Altamira (PA) e vinte no Maranhão. O delegado do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), Cláudio Teles, deve falar hoje à imprensa sobre as investigações policiais no Estado.
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