Brasília – O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pediu novas informações à estatal sobre os contratos de publicidade assinados com a empresa SMP&B, que tem como um dos sócios o empresário Marcos Valério de Souza.
Segundo Serraglio, é fundamental para as investigações ter a lista de empresas que executavam os serviços propostos pela SMP&B aos Correios. "Nós temos o faturamento da publicidade, mas não sabemos a quem foi pago. Pode haver lavagem de dinheiro no repasse desse dinheiro aos fornecedores", afirma.
Serraglio passou o fim de semana analisando os dados que já estão de posse da comissão, entre eles as movimentações financeiras das empresas de Marcos Valério. Ele diz ter ficado impressionado com uma movimentação bancária de mais de R$ 1 bilhão pelas contas das empresas de Marcos Valério. "É muito dinheiro. Algo inexplicável existe. Ele abria e fechava firmas talvez com o objetivo de truncar as investigações", diz o relator. Ele acrescenta que Valério tem empresas pequenas que foram criadas para dirigir outras de grande porte.
O objetivo, agora, é cruzar os dados e saber quem foram os beneficiados pela movimentação financeira do empresário mineiro, explica o relator. Para ele, Valério terá que ser chamado para depor na CPMI novamente. Não só para explicar a movimentação financeira dos recursos detectados nas contas de suas empresas, como, também, para explicar por que não disse à comissão que tinha avalizado dois financiamentos bancários ao PT e não apenas um, como informou.
Quando depôs na comissão, Valério disse que teria sido avalista somente do empréstimo de R$ 2,4 milhões feito pelo PT junto ao Banco de Minas Gerais (BMG), de Belo Horizonte. Com a chegada dos documentos, ficou comprovado que o empresário avalizou outro empréstimo, desta vez no valor de R$ 3 milhões, junto ao Banco Rural, de Belo Horizonte.
Outro ponto que o relator pretende investigar melhor é a lista de pessoas que fizeram saques numa agência do Banco Rural, em Brasília. Segundo o parlamentar, a lista entregue à CPMI não bate com a que foi divulgada pela imprensa. "Alguém fraudou", afirma Serraglio. Em depoimento prestado na comissão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que deputados e assessores de parlamentares sacaram na agência do Banco Rural que fica num shopping center da capital o que seriam parcelas do suposto ?mensalão?.