Brasília (AE) – Os empréstimos de R$ 55 milhões feitos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza nos Bancos Rural e BMG para o PT só foram registrados em 16 de setembro na Junta Comercial de Minas Gerais e na contabilidade das agências de publicidade dele: a DNA Propaganda e a SMP&B. A descoberta foi feita pela Receita Federal, que detectou irregularidades gritantes na contabilidade das empresas de Valério. ?Ele (Valério) retificou a contabilidade de suas empresas colocando os empréstimos que fez só no dia 16 de setembro?, disse ontem o sub-relator de Movimentação Financeira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Os dados sobre as agências de publicidade foram apresentados pelo coordenador-geral de Fiscalização da Receita, Marcelo Fisch, em reunião reservada com os integrantes da CPI. ?É um pessoal que joga muito pesado e que sistematicamente, se vale da fraude?, completou o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

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Investigação feita pela Receita detectou que, entre 1999 e 2003, a DNA Propaganda não apresentou nenhum documento ao Fisco. Os técnicos do órgão descobriram que a SMP&B tem duas contabilidades, além de também não ter apresentado nenhum documento entre dezembro de 2002 e março de 2003 e entre dezembro de 2003 e abril de 2004. Os técnicos da Receita apontaram ainda que o livro com a movimentação financeira diária da SMP&B tem folhas soltas, o que dificulta as investigações.

Fruet pretende apresentar um relatório preliminar daqui a duas semanas com a movimentação financeira do empresário. ?Houve fraude e vou propor o indiciamento de Valério?, disse. O sub-relator de Movimentação Financeira da CPI dos Correios pretende ainda indiciar o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT, Delúbio Soares.

Valério repassou recursos para partidos e cidadãos indicados por Delúbio. Além de Fisch, os integrantes da CPI tiveram uma reunião reservada com o delegado Luiz Flávio Zampronha, da Polícia Federal (PF). Zampronha revelou aos integrantes da comissão que os extratos bancários da conta Dusseldorf, cujo titular é o publicitário Duda Mendonça, identificam quem depositou dinheiro na conta dele nas Bahamas. A Promotoria de Nova York não concordou, no entanto, que a quebra do sigilo da conta de Duda Mendonça seja compartilhada com a CPI. Em depoimento à CPI, o publicitário disse que recebeu R$ 10,5 milhões de pagamento pela campanha do PT em 2002 na Dusseldorf. Esses recursos teriam sido depositados por Valério.

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