O consumo de água nos bairros da região dos Jardins, área nobre de São Paulo, foi 45% maior do que o gasto médio registrado nos imóveis da capital em março, aponta balanço divulgado nesta sexta-feira, 10, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Segundo dados da estatal, as residências dos Jardins gastaram, em média, 15 mil litros de água no mês, enquanto que na cidade a média de consumo foi de 10,3 mil. Na divisão da Sabesp, a região dos Jardins compreende os bairros Jardim Paulista, Europa, América, Lapa, Alto de Pinheiros, Boaçava, Sumaré e Perdizes.
Parte desses bairros, como Alto de Pinheiros, é hoje abastecida pelo Sistema Guarapiranga, que não foi afetado pela seca e está com nível de armazenamento em 84,1% nesta sexta. Já bairros como Lapa e Perdizes ainda são abastecidos pelo Sistema Cantareira, que opera com 19,8% considerando duas cotas do volume morto.
Dados da Sabesp mostram que, há um ano, os moradores dessa região, onde existem mansões e condomínios de alto padrão, consumiam 19,8 mil litros em média, por imóvel. Ou seja, após 12 meses de crise, o gasto médio caiu 24,4% nesses bairros, menos do que a queda de 28,8% no consumo médio da cidade, que era de 14,5 mil litros.
De acordo com a Sabesp, os moradores das regiões do Ipiranga e da Vila Mariana, na zona sul da capital, foram os que mais reduziram o consumo de água em março em relação à média anterior à crise. Segundo a empresa, 77% dos imóveis desses bairros atingiram a meta do bônus, reduzindo em ao menos 20% o consumo, e 85% economizaram água.
Mesmo assim, o consumo na região da Vila Mariana é de 11,9 mil litros, acima da média da cidade, e 33,7% maior do que na região do Grajaú, no extremo da zona sul paulistana, onde o consumo médio por imóvel foi de 8,9 mil litros no mês passado, segundo a Sabesp.
Os dados mostram ainda que nas regiões mais nobres da capital, até 16% dos imóveis gastaram mais água do que na média pré-crise hídrica, sendo que 11% tiveram de pagar a multa de até 50% na conta total, que inclui água e esgoto. Na Grande São Paulo, 18% elevaram o consumo. “Apesar do resultado positivo, ainda há potencial para que esses bairros economizem ainda mais, já que o consumo médio de água no município de São Paulo é de 10,3 m³ (mil litros)”, afirma Samanta Souza, gerente de Relacionamento com o Cliente da Sabesp.
Com 8,9 mil litros de consumo médio no mês de março, os moradores da região do Grajaú tiveram o menor gasto por domicílio. No bairro, 68% conseguiram o bônus. “A população da região periférica mais distante do centro já apresentava um padrão de consumo mais consciente antes mesmo da crise hídrica”, afirma Samanta.