Segundo o consultor de instituições de ensino superior João Vianney, cidades menores, com menos de 100 mil habitantes, devem ganhar polos. Nas grandes cidades, o movimento será de “pulverização”, com unidades pequenas espalhadas pelos bairros.
Além do preço, o que mais muda para os estudantes?
Veremos a chegada do EAD em cidade antes não atendidas, ficando cada vez mais próximas do consumidor. Quando chega um polo de EAD, há oferta de 30, 35 cursos de uma só vez. Isso é uma revolução para a cidade. Esse aspecto é muito positivo, a rede vai ganhar capilaridade pelo País.
As cidade maiores vão sentir algum impacto?
As 300 maiores cidades do Brasil já têm oferta de EAD, mas poderá haver mais concorrência. Nas grandes metrópoles, que já estão ocupadas, o fenômeno será o de pulverização, com pontos de atendimento em novos locais. Algo semelhante ao que aconteceu com os mercados: houve um período em que se abriam unidades imensas em locais de fácil acesso. E hoje o movimento é de abertura de pequenas lojas, espalhadas pelos bairros.
Teremos cursos inovadores?
Provavelmente não. Se uma faculdade lança um curso novo presencial, ela pode montar o programa, escolher professores da casa, usar sua infraestrutura e, se tiver 30 matriculados, já é um sucesso. No EAD, montar um curso novo custa entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão. Para compensar, são necessários cerca de 1.500 alunos. É muito arriscado lançar algo novo. Por isso o catálogo do EAD é conservador, com graduações já consagradas.
Com o aumento da concorrência, a qualidade será um diferencial maior?
Infelizmente a qualidade ainda conta pouco na prática. A cabeça do aluno ainda é muito utilitária, o que conta é o mais conveniente. O primeiro critério é o preço, se cabe no bolso. Então ele avalia se tem o curso que ele quer e se o local é próximo. Só depois ele vai comparar as instituições. Hoje, a gente estima que só 5% dos alunos do ensino superior escolheram o curso com base em critérios de qualidade.
Com o crescimento do EAD, o preconceito está diminuindo?
Talvez, mas ele ainda existe forte, apesar de as evidências serem favoráveis ao EAD. O desempenho do aluno de ensino a distância é muito bom, seja no Enade (avaliação do ensino superior), seja nos concursos públicos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.