Apesar de a Argentina ter sido escolhida como a primeira viagem que o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fará nos próximos dias, a agenda do Mercosul somente poderá ter início após a conclusão do processo eleitoral da Argentina e do Paraguai, no próximo ano. Esta é o opinião de um especialista em integração regional, o acadêmico Félix Peña, ex-negociador argentino do Mercosul durante o governo de Carlos Menem.
Conforme sua avaliação, a agenda deverá ser abordada a partir ?dos pontos de vista de uma plataforma para negociação, particularmente, com a União Européia e com os Estados Unidos, e de uma plataforma para competitividade dos setores onde haja maior complementação entre os países do Mercosul?, afirmou. Para o analista, a incorporação do Chile como membro pleno ?fortaleceria estas plataformas?.
Peña disse que a viagem de Lula à Argentina é um sinal positivo e ?mantém a tradição que Fernando Henrique Cardoso vinha mantendo de dar muita importância à relação com a Argentina?. Para ele, os problemas pontuais entre os dois países deverão ser colocados de um lado e de outrodeve haver ?a visão estratégica política muito mais abrangente que é o restabelecimento da fortaleza muito necessária do Mercosul, em função dos projetos de interesses nacionais de ambos países?.
O analista afirmou que não acredita numa posição protecionista de Lula em relação à Argentina, como vem especulando a imprensa daquele país, porque ?ele tem sido muito contundente dentro da idéia de trabalhar junto com os países do Mercosul e fazer o necessário para facilitar a incorporação do Chile?.
Peña acredita que, para a adesão do Chile se concretizar é preciso haver uma flexibilização do ponto de vista técnico do conceito de união aduaneira. Em relação à Alca, ele avalia que Lula vai negociar com os Estados Unidos. ?O que ele diz é que, tal como está, o enfoque da Alca não é satisfatório?, analisa.