A construtora responsável pela obra da parede que desabou e matou sete pessoas em Sorocaba (interior de SP) pretende, agora, fazer um escoramento total ao redor do edifício, com pontos de apoio nas paredes, para evitar novas quedas.
Na noite de quinta-feira, durante uma tempestade, quatro veículos foram atingidos na rua pelo muro enquanto o trânsito estava parado. Todas as vítimas foram enterradas ontem. Apenas um dos passageiros dos carros atingidos sobreviveu.
O imóvel foi construído em 1913 para uma fábrica de tecidos, desativada há décadas. Há quatro meses, a construtora Fonseca e Mercadante iniciou as obras para um shopping no local, preservando apenas a fachada.
O diretor de operações do Shopping Cianê, Márcio Araújo, disse anteontem que “longos estudos” de engenheiros e técnicos não identificaram a necessidade de fazer escoramento no muro durante a construção e que a obra teve todas as licenças emitidas por órgãos competentes.
Após uma vistoria técnica feita no mesmo dia pela Secretaria de Habitação e Urbanismo e pela Defesa Civil, a construtora vai colocar pontos de apoio ao redor do restante da fachada.
Em nota, os responsáveis pela obra afirmam que o único ponto de risco de nova queda nas paredes da construção está localizado na área do acidente.
“Seguindo exigências das autoridades públicas, mesmo que o restante do edifício esteja íntegro e com solidez como atestado pela vistoria, será apresentado projeto de escoramento total do entorno da obra”, diz a nota.
De acordo com a construtora, a área afetada “não sofreu intervenções estruturais capazes de afetar a estabilidade da parede da antiga fábrica”. O local do acidente foi o único da obra no qual não havia sido iniciado nem o restauro, nem a fundação nem a estrutura.
As paredes estavam intactas, de acordo com o projeto do prédio antigo. O telhado, que foi retirado do edifício, não servia de travamento para as paredes, pois estava apenas apoiado sobre elas, segundo a construtora.
A obra está interditada por tempo indeterminado. Na sexta-feira, o coordenador da Defesa Civil, Roberto Montgomery, disse que ainda é prematuro apontar causas para o acidente. “O vendaval e a chuva estavam muito fortes, mas não acho que eram capazes de, sozinhos, causar a queda do muro”, afirmou. “Com certeza foi uma conjunção de fatores.”
Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil para analisar as causas do desabamento e pode ser concluído em até 30 dias.