O dono da empresa que trocou as telhas da sede da Igreja Renascer, no Cambuci, disse na segunda-feira (26) à polícia que há sete meses encontrou vazamentos e infiltrações no teto que caiu no dia 18. Daniel dos Anjos, da Etersul Coberturas e Reformas Ltda., afirmou ter vistoriado o local em junho de 2008 e encontrado manchas de umidade no gesso do teto. As infiltrações estariam em cima do altar, local onde o desabamento que matou nove pessoas e feriu ao menos 121 teria começado.
A declaração reforça a tese de que estrutura desmoronou por falta de manutenção. E coincide com os depoimentos de quem estava no local, afirma o delegado seccional Dejar Gomes Neto, que investiga o acidente. Mais de 40 pessoas foram ouvidas. “Várias testemunhas disseram que havia goteiras e que caiu um pedaço de gesso do teto”, afirmou. Neto disse que ainda é cedo para apontar as causas do acidente, mas os responsáveis pela Igreja podem ser acusados de homicídio, caso se comprove que sabiam das infiltrações.
A Etersul trocou 1.600 telhas da igreja entre julho e novembro. Além de não possuir licença, a empresa não tinha engenheiro responsável pela obra nem pediu autorização à Prefeitura. No entanto, diz o delegado, a obra não está ligada aos vazamentos, pois a reforma foi feita no telhado e não onde havia as infiltrações.
Em nota, a Renascer afirmou ontem que a empresa Etersul foi chamada “justamente pela constatação do vazamento e imediatamente contratada para trocar as telhas, calhas e rufos”. A Igreja disse ainda “obviamente ter havido a troca total, de forma a sanar totalmente o problema”. No documento, a Renascer afirma também que não aceitará “que imputações criminais dessa ordem sejam utilizadas, baseadas em meras suposições, especulações e controvérsias”. Por fim, a Igreja informa que “sempre foram realizadas todas as manutenções de praxe, conforme orientações dos especialistas, e garantindo a segurança do prédio”.