O menino austríaco R., de 12 anos, irmão de Sophie, de 4, que morreu na sexta-feira, no Rio, foi entregue ontem pelo Conselho Tutelar ao pai, o austríaco Sasha Zanger. As crianças haviam sido retirados da casa da tia Geovana dos Santos Vianna, em março, e entregues ao conselho, por força de decisão da Justiça Federal. Mas, ao conversar com os conselheiros, R. contou que havia sofrido abuso sexual por parte de Zanger. Os conselheiros, então, recomendaram que as crianças voltassem para a casa da tia, agora suspeita de ter matado a menina por espancamento. A polícia investiga o caso.
Os irmãos austríacos foram trazidos para o Brasil pela mãe, à revelia do pai, em janeiro de 2008. “É difícil dizer se o menino havia sido orientado antes de ser entregue ao conselho ou se realmente sofreu abuso. Pedi à Justiça que designasse uma perícia psicológica, mas a tragédia aconteceu antes da avaliação”, afirmou o advogado Ricardo Zamariola, que defende Zanger e havia pedido a repatriação das crianças com base na Convenção de Haia. Zamariola também é advogado do americano David Goldman, que luta na Justiça pela guarda do filho, S., de 9 anos. Ontem, Maristela, que sofre de problemas mentais, disse à polícia que inventou o abuso para não perder a guarda dos filhos.
O drama das crianças começou em janeiro de 2008, quando a mãe fugiu da Áustria. Maristela chegou a viver em abrigos nos últimos dois meses que passou na Europa e, no Rio, morou com os filhos na rua por alguns meses, segundo o Conselho Tutelar. Ela foi acolhida pela mãe de criação, mas terminou na casa da irmã. Maristela disse que Geovana queria ficar com a pensão dos filhos, de 1.440 euros. Ela contou que foi expulsa pela irmã a pauladas. E a acusou de ter roubado móveis, documentos e impedi-la de ver os filhos.
Em estado mental confuso, Maristela afirmou que desconhecia a morte da filha, mas ao mesmo tempo reconheceu que procurou a polícia após ler a notícia nos jornais. Ela contou que mora no Estácio, na zona norte, com um namorado. A tia das crianças ainda não compareceu à 36ª Delegacia de Polícia (Santa Cruz). O delegado Agnaldo Ribeiro da Silva aguarda a chegada do laudo cadavérico do Instituto Médico-Legal para indiciá-la por homicídio. Geovana, de 42 anos, tinha a guarda das crianças. A filha dela, Lílian, de 21, que ajudava a cuidar de Sophie, também pode ser indiciada.