São 465 anos de história. Quantos contos e causos cabem em mais de quatro séculos? Alguns ganharam roteiros de documentários, filmes e livros. Outros conquistaram os moradores da capital paulista, que não deixam as lendas urbanas morrerem.
Para homenagear São Paulo em seu aniversário, nós reunimos cinco fatos que fizeram parte da história da cidade. São casos verídicos e que estão na memória da população. Ao longo do tempo, receberam ‘contornos’ próprios, com depoimentos passados de geração para geração. Será que ‘quem conta um conto aumenta um ponto’?
Joelma
Quem passa hoje pelo Edifício Joelma, na região central de São Paulo, não imagina que a construção foi palco do maior incêndio registrado na cidade. Em 01 de fevereiro de 1974, o fogo atingiu o local e deixou 187 mortos e 300 feridos. O intenso trabalho dos bombeiros durou mais de dez horas. Alguns dos agentes relatam que um grupo de chineses morreu carbonizado dentro do elevador. Muita gente que estava no edifício se jogou pela janela por causa do incêndio.
O Joelma existe até hoje e serve como moradia, além de estacionamento particular. Funcionários do local garantem que coisas estranhas acontecem ali, como portas e janelas fechando sozinhas. Há até quem diga que fantasmas das vítimas do incêndio perambulam pelos andares do prédio.
Castelinho da Rua Apa
Em 465 anos de existência, São Paulo infelizmente também foi palco de crimes que chocaram o País. O intitulado Castelinho da Rua Apa foi residência da família César Reis no início do século 20. Eles eram proprietários do famoso cinema Broadway, na avenida São João. Em 12 de maio de 1937, Álvaro César Guimarães Reis matou a própria mãe e o irmão dentro de casa. Em seguida, tirou a própria vida. As causas do crime nunca foram esclarecidas.
O Castelinho foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp), mas ficou abandonado. Já foi abrigo para usuários de drogas, moradores de rua, depósito de sucata e, mais recentemente, sede para uma ONG.
Vizinhos relatam que ‘nada dá certo’ no local e que a construção teria sido amaldiçoada pelo dono que causou a tragédia. O Castelinho da Rua Apa pode ser visto por quem passa pela avenida São João, sentido Lapa.
A casa da Dona Yayá
Uma mansão localizada na rua Major Diogo, no bairro da Bela Vista, era propriedade da abastada família Mello Freire, no início dos anos 1920. Após a morte dos familiares, Sebastiana, conhecida como Dona Yayá, começou a apresentar sérios problemas mentais e era atendida por uma funcionária de confiança. Ela viveu reclusa por mais de quarenta anos até morrer, em 1961.
O local, que ficou quase uma década abandonado, tem fama de mal assombrado. Algumas pessoas que passam por ali de madrugada garantem que ouvem os gritos de sofrimento de Dona Yayá. Em 1998, a construção foi tombada pelo governo do Estado. É possível fazer visitas gratuitamente ao local – se você tiver coragem.
O ‘choro’ da árvore na Estrada das Lágrimas
Você conhece uma das árvores mais antigas da história do Brasil? Na altura do número 515 da Estrada das Lágrimas, no Ipiranga, em São Paulo, uma figueira recebeu a visita de mercadores, soldados, viajantes e imperadores como Dom Pedro I e Dom Pedro II. Inúmeras pessoas passaram por ali rumo à Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870.
O tronco da árvore recebeu o choro e a lamentação de muitas mães, pais e esposas que se distanciaram de seus maridos. A árvore ficou conhecida como a ‘figueira-das-lágrimas’. Frequentadores do local alegam que ela carrega uma ‘energia misteriosa’, sobretudo por ter sido santuário de despedidas.
A figueira passou anos abandonada pelo poder público, até que moradores da região decidiram cuidar da árvore bicentenária.
Múmias do Mosteiro da Luz
O Mosteiro da Luz, na região central de São Paulo, foi fundado por Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, em 1774. Em 2008, dois corpos mumificados foram encontrados por acaso no local. Técnicos que tentavam descobrir um ninho de cupins chegaram até eles, enterrados na parede de uma sala que já havia sido usada como cemitério. Desde a fundação, 129 religiosas que viviam no mosteiro morreram. Imagine as histórias que surgiram a partir desta descoberta?
Para um grupo de 15 freiras que viviam enclausuradas no mosteiro na época, o encontro das múmias foi um ‘sinal de Deus de que vale a pena viver uma vida consagrada diante da vontade Dele neste mundo’. Uma antiga lenda diz que as freiras que dormiam no andar de cima do mosteiro ouviam barulhos estranhos que vinham do cemitério do convento. Esses barulhos eram parecidos com pancadas na parede.
Atualmente, nas celebrações religiosas que ocorrem na igreja de Frei Galvão aos domingos, é possível comprar pães caseiros realizados pelas próprias freiras enclausuradas.