Brasília – O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Mário Heringer (PDT-MG), afirmou ontem que irá propor ao Congresso uma nova investigação sobre os casos de mortos e desaparecidos políticos durante o regime militar (1964-1985) após a divulgação de fotos que supostamente mostram o jornalista Vladimir Herzog momentos antes de sua morte, em 1975.

O deputado confirmou ontem que as fotos saíram da comissão. Segundo ele, foram entregues por José Alves Firmino, o cabo Firmino, durante seu depoimento à comissão, em 1997. Disse que o material estava disponível para consulta pública há sete anos e que as fotos publicadas pelo jornal Correio Braziliense são cópias de cópias, já que os originais foram encaminhados à UnB (Universidade de Brasília), em 1997.

Segundo o deputado, cópias das fotos foram enviadas ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ao ex-ministro da Justiça Íris Rezende, ao ex-secretário de Direitos Humanos José Gregori, e ao ex-ministro do Exército Zelindo Lucena. O presidente da comissão negou que tivesse conhecimento da divulgação do material e criticou a exposição da nudez de Herzog. “Sou favorável à divulgação das fotos. Não gostei de não ter conhecimento de que isso ocorreria e achei que a nudez exposta foi um desrespeito com a família do jornalista.” O deputado defende que a comissão aprove hoje um processo de investigação sobre o caso, começando por uma perícia nas fotos. A comissão se reunirá hoje para deliberar sobre o caso.

O comando do Exército divulgou ontem à tarde nota oficial em que se posiciona sobre o caso da divulgação de fotos do jornalista Wladimir Herzog nu, nas dependências do DOI-Codi, onde foi morto pelo regime militar. “O Exército Brasileiro é uma Instituição que prima pela consolidação do poder da democracia brasileira. O Exército lamenta a morte do jornalista Wladimir Herzog. Cumpre relembrar que, à época, este fato foi um dos motivadores do afastamento do comandante militar da área, por determinação do Presidente Geisel. Portanto, para o bem da democracia e comprometido com as leis do nosso país, o Exército não quer ficar reavivando fatos de um passado trágico que ocorreram no Brasil”. A nota é assinada pelo general Francisco Roberto de Albuquerque, comandante do Exército.”

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