Congresso modifica comissão do Orçamento

Brasília (AE) – Diante do esquema de corrupção com verbas orçamentárias, desvendado pela Operação Sanguessuga, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), decidiram desmontar a Comissão Mista de Orçamento e definir novas regras e critérios para a elaboração da lei orçamentária. Os dois criaram ontem um grupo de trabalho suprapartidário, com três deputados e três senadores que deverão apresentar as propostas de mudança na próxima quarta-feira, em reunião com os líderes partidários das duas Casas. ?Vamos mudar tudo, tudo mesmo, desde a elaboração do Orçamento até a sua execução, passando pela fiscalização?, anunciou Renan. ?Temos de dar uma resposta rápida à sociedade, tomando medidas que ataquem a raiz do problema e fechem as brechas do Orçamento, que permitem as irregularidades?, justificou.

Segundo ele, o objetivo das mudanças é democratizar o Orçamento, dar mais transparência a sua elaboração, acabar com as irregularidades, corrigir defeitos e fazer com que o Congresso cumpra seu papel da melhor forma possível. A idéia de criar o grupo de trabalho foi consenso entre os líderes de todos os partidos, que se reuniram na véspera com os presidentes das duas Casas do Congresso. Participam do grupo de trabalho o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (PTB-RN), os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Romero Jucá (PMDB-RR) e os deputados José Carlos Aleluia (PFL-BA), Sérgio Miranda (PDT-MG) e Jorge Bittar (PT-RJ).

Entre as mudanças que já estão na pauta dos deputados e senadores está a idéia de envolver o Congresso na elaboração do Orçamento desde as primeiras etapas, ainda no Executivo, para que os parlamentares não percam tempo ?decifrando? a proposta. Para evitar o desperdício, Renan sugere que as obras incluídas no projeto orçamentário e iniciadas não sejam retiradas dos orçamentos dos anos seguintes, até que estejam concluídas, independentemente de quem estiver à frente do governo federal. Também está em discussão a idéia de encontrar uma fórmula para reduzir a margem de manobra da área econômica do governo no que diz respeito ao contingenciamento (bloqueio) das verbas orçamentárias. ?Temos de alterar drasticamente os métodos atuais, adotando o chamado Orçamento impositivo para que pelo menos as políticas públicas prioritárias sejam poupadas dos contingenciamentos?, defendeu Renan.

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