Brasília – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), vêm travando nas últimas semanas uma disputa cada vez menos velada que tem custado derrotas ao Palácio do Planalto, desgaste à imagem do Parlamento e prejuízos ao país, na avaliação de parlamentares. Quando foi eleito em fevereiro, derrotando o candidato do governo, Severino disse que trabalharia em sintonia com o presidente Lula, mas a relação se deteriorou desde que seu partido, o PP, ficou de fora da minirreforma ministerial.
Para o governo, o papel do presidente da Câmara é fundamental porque ele determina os projetos que serão votados e o ritmo pelo qual tramitarão. E Severino tem contrariado o governo ao definir a pauta e na condução de votações importantes, como a PEC paralela da Previdência e a malfadada Medida Provisória 232. Os tempos nos quais a Câmara basicamente seguia o ritmo ditado pelo Planalto ficaram para trás desde que o petista João Paulo Cunha (SP) deixou a presidência da Casa.
"Num primeiro momento, ele (Lula) tentou seduzir Severino. Mas Severino, com apetite voraz, começou a peitá-lo, aí Lula teve que partir para guerra", avaliou um parlamentar petista próximo ao Planalto. Os desentendimentos foram explicitados de vez quando Severino ameaçou levar seu partido para a oposição caso Lula não desse o Ministério das Comunicações para o PP. Irritado, Lula usou a ameaça como pretexto para fazer uma reforma ministerial restrita na semana passada, e não ampla como havia planejado inicialmente.
Nesta semana, Severino dificultou ainda mais a situação do governo em relação à MP 232, que corrigia a tabela do IR e ao mesmo tempo elevava tributos sobre prestadores de serviços.
