Confronto entre ruralistas e MST deixa feridos no Rio Grande do Sul

Um confronto entre sem-terra e ruralistas em Pedro Osório, a 304 quilômetros da capital gaúcha, deixou vários feridos na manhã desta quinta-feira (9), por volta de 9h. As versões sobre o início do embate e até mesmo sobre o número de feridos são conflitantes entre os grupos envolvidos. Todos pretendiam participar de uma audiência pública no salão paroquial da cidade, agendada há um mês pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para discutir reforma e a tensão no campo. A Santa Casa de Pedro Osório registrou 22 sem-terra e cinco policiais atendidos durante o dia nenhum deles com ferimentos graves. Um dos policiais feridos, o capitão Kleiton Renan Sedrez, foi levado posteriormente para Porto Alegre com um quadro de arritmia cardíaca.

A Brigada Militar (a PM gaúcha) montou barreiras em três acessos à cidade e revistou veículos particulares e os ônibus dos sem-terra, segundo o tenente-coronel Utinguaçú de Farias Rosado, que responde interinamente pelo comando regional sul, apreendendo instrumentos potencialmente perigosos, como foices. Os sem-terra alegam que carros de fazendeiros não tiveram que passar pela verificação. A BM afirma que todos os veículos eram vistoriados.

Conforme o vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, os produtores chegaram ao local da audiência, marcada para às 10h, por volta de 8h30. Um grupo de sem-terra, que chegou depois, teria feito uma "cunha" em volta dos produtores e iniciado a briga. Na descrição dos sem-terra, os fazendeiros tentaram impedir seu acesso ao local. No grupo de aproximadamente 130 sem-terra, cerca de 40 eram crianças, disse Marcelino João Soares, da coordenação do movimento.

No momento da chegada dos sem-terra, havia quatro policiais no local. Com o conflito, foram chamados policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE). "O local da audiência tinha espaço para todos", garantiu o tenente-coronel Rosado. Ele disse que a BM não foi consultada, no entanto, sobre a conveniência de realizar a reunião na cidade, onde, na terça-feira, os policiais foram cumprir ordem de reintegração de posse da fazenda Da Palma. Quando chegaram, os sem-terra não estavam mais no local. O MST pede a desapropriação da fazenda, de 9 mil hectares.

Após o conflito, seis sem-terra foram detidos para interrogatório. Segundo o movimento, o último seria liberado ainda no começo da noite. Enquanto aguardavam uma posição sobre a possível realização da audiência, que acabou sendo cancelada, sem-terra e ruralistas permaneceram próximos durante boa parte do dia. Os sem-terra ficaram dentro da área do salão e os produtores, do lado de fora. Depois que a reunião foi suspensa, os sem-terra retornaram para o acampamento próximo à fazenda Da Palma, formado no dia 29 de janeiro.

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