São Paulo – O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi sabatinado ontem pelo Grupo Estado, onde falou como virtual próximo presidente da República. Esbanjando confiança, Lula disse que irá deixar claro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que o governo quer ter “autonomia” sobre a política econômica. “Não vou admitir que o Brasil seja tratado como um país insignificante”, afirmou. “É como água-benta, todo mundo vem aqui (Brasil) e coloca o dedo”.
O candidato do PT, no entanto, reafirmou que irá manter os compromissos com a estabilidade econômica. Lula também disse que aceita conversar com o FMI, tão logo seja eleito. Há rumores de que já existem preparativos para uma reunião entre o presidente eleito e representantes do Fundo, antes mesmo da posse. Lula voltou a afirmar que não vai manter Armínio Fraga na presidência do Banco Central. O candidato defende um presidente com outro perfil, provavelmente do próprio PT ou próximo. Mas que seja “(alguém) com compromisso com as coisas que acreditamos”, definiu.
Lula também disse que dificilmente será possível viajar ao exterior com o presidente Fernando Henrique Cardoso no período de transição. Segundo o candidato, é “impossível” viajar nos últimos 60 dias do ano, caso seja eleito, porque terá de usar o tempo para montar sua equipe de governo. Anteontem, o porta-voz de FHC disse que o presidente considerava a hipótese de viajar com o eleito nos últimos dias de seu governo.
Enquanto Lula falava sobre o seu virtual governo, o mercado financeiro enviava sinais de que espera, o mais breve possível, nomes que comporão a futura equipe econômica em um governo do PT. A possibilidade de vitória ainda no primeiro turno do líder nas pesquisas de intenções de voto, está deixando o mercado indócil por saber quem seriam os integrantes de uma equipe econômica petista. “”O Ciro (Gomes, candidato da Frente Trabalhista), quando estava quase ganhando, anunciou o Scheinkman. O que precisa agora é o Lula anunciar o Scheinkman dele??, diz o diretor de pesquisa em mercado de capitais do Banco UBS Warburg, Marcelo Mesquita, sobre José Alexandre Scheinkman, anunciado colaborador econômico de Ciro.
“”Se não fizer isso, Lula começa a jogar combustível no ar, e ele precisa de combustível no avião??, completa, ainda que a iniciativa de Ciro não tenha impedido que a sua candidatura, que chegou a estar em empate técnico com Lula, despencasse. O diretor do Banco BBA José Berenguer Neto faz coro com Mesquita. “”O importante é saber quais vão ser os nomes??, afirma.O argumento por trás desses comentários é de que Lula precisaria lançar o nome de alguém em sua equipe que desse respaldo e credibilidade às suas declarações de respeito aos contratos, manutenção do esforço fiscal e da estabilização. Lula, no entanto, não está preocupado com esta ansiedade. E disse ontem que ainda é cedo para falar em nomes. “”Não ganhei a eleição. A situação nos é amplamente favorável, mas eleição e mineração só se conhece depois da apuração??, disse ele. Ontem o mercado voltou a sofrer convulsões.
