Condoleezza Rice tenta tocar |
Brasília – Durante encontro com um grupo de crianças do Distrito Federal e atletas como Daiane dos Santos, Tande e Franco na Embaixada dos Estados Unidos, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse ontem que o Brasil é ?uma potência regional e está se firmando cada vez mais como potência mundial?. Segundo um funcionário da Embaixada americana, Condoleezza disse ainda que seu país quer continuar a parceria com o Brasil e comentou o passado escravagista dos dois países. Disse que hoje ambos são democracias, mas que seus antepassados não tinham os mesmos direitos dos brancos. ?Nossos antepassados não tinham os mesmos direitos, mas houve uma evolução nos Estados Unidos e isso está acontecendo também em outros países – disse a secretária na cerimônia, da qual a imprensa não pôde participar. A secretária conversou com Daiane, agradeceu a presença de Tande e Franco e das crianças do Vivavôlei, programa financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e tentou tocar um berimbau logo após assistir a apresentação de um grupo de capoeira.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, deixou ontem três recados diretos ao governo brasileiro sobre seu papel de liderança crescente na América do Sul e no mundo. Primeiro, ela destacou que vê ?com bons olhos? os esforços do Brasil para a consolidação democrática da região. Depois, lembrou que Brasília não estará sozinha nesse desafio e que deverá contar com o apoio dos Estados Unidos. Por fim, ao ser questionada sobre os sucessivos respaldos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a seu colega venezuelano Hugo Chávez, Rice afirmou que ?não adianta o governo ser democraticamente eleito se não governar democraticamente? e insistiu que os Estados Unidos esperam que a Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) seja cumprida no Hemisfério.
?Não adianta um governo ser democraticamente eleito se não governar democraticamente. Todos queremos uma Venezuela completamente livre e democrática?, afirmou a secretária de Estado, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. ?Os problemas não são entre a Venezuela e o Brasil ou entre a Venezuela e os Estados Unidos. Trata-se da democracia e da liberdade aos quais o povo venezuelano tem o direito de acesso?, completou, em uma lógica bastante similar à adotada por Washington para justificar a política americana em favor da democratização de países do Oriente Médio. Com essas declarações, Rice rebateu a recorrente argumentação do governo brasileiro de que Chávez foi eleito democraticamente e teve seu mandato reconfirmado por meio de um referendo popular, que foi observado por organizações internacionais. Minutos antes, o próprio ministro das Relações Exteriores havia repetido essa mesma argumentação.