Condenados se refugiavam no Complexo do Alemão

O Complexo do Alemão, na Penha, zona norte do Rio, era refúgio não só de traficantes, mas de bandidos condenados ou sob investigação. Os registros de prisão em 15 dias na favela mostram que ali se escondiam assassinos, assaltantes e até pais em dívida com pensão alimentícia.

“O Alemão foi se tornando um antro para tudo quanto é tipo de criminoso. Delegacias como a que investiga roubo de carro e de cargas colheram bons frutos nas operações”, afirma o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, Ronaldo Oliveira. Somente na 22.ª Delegacia de Polícia, 68% dos registros eram para cumprimento de mandados de prisão referentes a crimes sem relação com o tráfico. De 54 anotações, só 17 foram por tráfico ou associação para o tráfico.

Gessé da Silva Ferreira, de 30 anos, acumula cinco processos por roubo qualificado e, segundo a polícia, está ligado a cerca de 30 assaltos. Ele usava o Alemão como esconderijo e base para revender cigarros roubados. “É um ladrão de cargas contumaz. Sua prisão provocará uma baixa considerável em roubos neste segmento”, disse o delegado Deoclécio de Assis Filho. A empresa Souza Cruz, lesada neste tipo de ação criminosa, afirmou que só neste ano sofreu mais de cem assaltos na região e sabe que grande parte dos veículos roubados foram levados para o Alemão. O advogado de Gessé, Waldecir Lacerda, nega que seu cliente pertença à quadrilha de roubo de cargas.

Alguns bandidos do Alemão foram presos porque a notícia de que o Alemão não era mais território livre da polícia incentivou denúncias. É o caso de um homem que, separado da mulher, foi viver no Alemão e se esquivava do pagamento de pensão alimentícia há dois anos. Ele foi preso após denúncia anônima.

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